Até agora não falou o viajante do castelo dito de S. Jorge. Visto cá de baixo a vegetação quase o esconde. Fortaleza de tantas e tão remotas lutas, desde romanos, visigodos e mouros, hoje mais parece um parque. O viajante duvida se o preferiria assim. Tem na memória a grandeza de Marialva e Monsanto, formidáveis ruínas, e aqui, apesar dos restauros, que num princípio reintegrariam a fortaleza na sua recordação castrense, acaba por ter significado maior o pavão branco que se passeia, o cisne que voga no fosso.
O miradouro faz esquecer o castelo. Nem parece que naquela porta morreu entalado Martim Moniz. É sempre assim: sacrifica-se um homem pelo jardim dos outros. Saramago, Viagem a Portugal, p. 364-5.
Saramago fala de Martim Moniz; segundo a lenda, ele se sacrificou, colocando o seu corpo no vão de uma das portas do castelo. Evidentemente, morreu esmagado, mas seu ato permitiu que os portugueses chegassem a tempo e, com a porta aberta, invadissem o castelo. Trata-de de uma antiga fortaleza moura. Quanto aos pavões, também os avistamos. Espertamente, estão sempre próximos ao restaurante. Acabam como uma atração: seja porque uma parte das pessoas gosta de admirá-los, seja porque a outra parte tem verdadeiro pavor de sua presença entre nossos pés, enquanto sentamos para comer e beber algo.
As ruínas do castelo pairam imponentes sobre a cidade; da Praça dos Restauradores é possível admirar as muralhas. Uma caminhada até lá exige pernas e uma coluna vertebral com todos os discos no lugar. E, lá chegando, sobe-se mais um bocado para a construção principal. A vista, como já esperávamos, é incrível; a cidade toda - até Belém - está à disposição. A Praça do Comércio, por exemplo.
Lá foi a recepção real a Vasco da Gama, que acabara de voltar das Índias com um caminho traçado.
O castelo já foi a residência real. A partir do terremoto de 1755, que o danificou severamente - a rigor, hoje vemos as ruínas do castelo... - entrou em declínio, tendo sido reabilitado há relativamente muito pouco tempo.
O Castelo de São Jorge tem uma das vistas mais lindas de Lisboa, sendo que ele também pode ser avistado da parte baixa da cidade. Haja fôlego e disposição para subir as ladeiras até lá!! Melhor ir de táxi, meio de transporte barato e que oferece um certo conforto para encurtar alguns trechos de caminhada.
ResponderExcluirVasco da Gama - o astronauta da época - é pouco conhecido. O suplemento do "Publico" tem publicado alguns artigos sobre o gajo, principalmente quanto a crueldade junto aos nativos e a propria tripulação. Merece ser melhor estudado (e internacionalizado...) E
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