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Mostrando postagens de fevereiro, 2019

Floresta escura, de Nicole Krauss

Floresta escura Nicole Krauss Tradução de Sara Grünhagen Companhia das Letras, 2018 304 páginas Nesse ínterim, o caso por fim seria decidido pelo Supremo Tribunal, e se Eva Hoffe perdesse, o que era quase certo, os arquivos ocultos de Kafka seriam entregues ao Estado de Israel, e sua falsa morte e a viagem secreta para a Palestina, reveladas ao mundo. Será que Friedman queria se adiantar à história para controlar como ela seria escrita? Moldar, pela ficção, a morte de Kafka em Israel, como Brod tinha moldado a história canônica de sua vida e morte na Europa? Há alguns anos, atraído pelo fato de o filme ser dirigido por Radu Mihaileanu ( O Concerto, Trem da Vida e A Fonte das Mulheres ), assisti a A História do Amor. Só ao final me dei conta de que se tratava da adaptação do romance homônimo da escritora americana Nicole Krauss.  Acabo de ler ao último romance da autora, Floresta Escura. Dois personagens principais - Jules Epstein, um velho e rico advogado (narra

Imobiliária da Biblioteca: o apartamento de Philip Roth à venda

Pela bagatela de 3,2 milhões de dólares, você pode comprar o apartamento de Philip Roth no Upper West Side (West79th Street). É próximo ao Museu de História Natural. Inicialmente, foi usado como studio - Roth vivia a poucos quarteirões de distância, quando ainda casado com Claire Bloom. Depois da separação, Roth passou para sua fazenda em Connecticut, indo ao apartamento em suas raras visitas a Nova York. Você pode ler mais sobre o apartamento  nesta matéria publicada no Wall Street Journal.

Bruno Ganz (1941-2019)

Morreu o ator suíço de filmes marcantes como A Queda! (onde fez Hitler nos últimos dias, numa interpretação magnífica, banalizada pela quantidade avassaladora de memes na selva das redes sociais), Asas do Desejo e O Leitor. Fez também Dust of Time, do grego Theo Angelopoulos, que conta ainda com a Irène Jacobs e o Willem Dafoe, mas não consegui assistir ainda - tipo de filme que, se você não assistiu no cinema ou na era das locadoras, esqueça...

A biblioteca elementar, de Alberto Mussa

Alberto Mussa A biblioteca elementar Editora Record. 2018 192 páginas Este livro encerra o ciclo (Mussa não gosta do termo "série", que de fato não se encaixa ao caso) Compêndio Mítico do Rio de Janeiro, e do qual havia lido apenas  A primeira história do mundo . A cidade agora cresceu. Estamos por volta de 1733, e a história se passa nas imediações do que hoje conhecemos por Convento de Santo Antônio e Largo da Carioca, entre a Rua do Egito (hoje, Rua da Carioca) e a Rua dos Três Cegos (Gonçalves Dias). Àquela época, numa área erma, situada do lado de fora dos muros da cidade (sim, o Rio já foi uma cidade murada, bem de acordo com quem precisava se manter em meio a florestas, índios e franceses - que invadiram a cidade alguns anos antes da história), uma mulher, vestindo o hábito franciscano, tenta entrar em casa sem despertar a atenção, e acaba presenciando um assassinato - dois conhecidos discutem, se atracam, e um acaba disparando contra o outro. Temo

A velocidade da luz, de Javier Cercas

Minha primeira incursão na obra do espanhol Javier Cercas é justamente no romance A velocidade da luz . Um autor que merece toda a atenção - de quem pretendo em breve ler o que muitos consideram sua obra-prima, Os soldados de Salamina (sobre um episódio da Guerra Civil espanhola), além de Anatomia de um instante (sobre a redemocratização e a tentativa de golpe de 1981). Neste A velocidade da luz Cercas cuida de outro momento histórico, um tanto alheio à experiência espanhola, a Guerra do Vietnã. Mas ela é apenas um pretexto para uma ideia bastante arriscada (mas que funciona muito bem): a história de um escritor e da construção de um personagem, Rodney Falk, um veterano de guerra com quem o narrador travou contato num período de estudos numa universidade americana, em Urbana, Illinois. Falk nos é apresentado, mais pelo seu pai e sua esposa do que pelo próprio.   O romance, na verdade, não trata do Vietnã, ou mesmo de Falk. Está centrado na história do anônimo narrador