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Mostrando postagens de julho, 2015

Mr. Holmes (2015)

Para ficar de olho. Ian McKellen é um idoso Sherlock Holmes, com 93 anos, cansado e com memória fraca. Dirigido por Bill Condon, deve ser lançado em breve, ainda este ano.

Um poema ladino

Un Dia Luvyoso Una Luvya fuerte kon relampagos kaye, Yo no veo ningunos kaminar en la kaye, Un derredor muy asolado, un brusko dia, Un sielo eskuro, esto sin alegria. *** Me mankava sus miradas, su fizionomia, Para mi era mi vida, i la alma mia. Mi oido en sus pasos, i mis ojos kansos, Alegrias siento mismo de bruidos falsos. La luvya kontinua, esto on dezespero La ora komo kedada, inyervozo de aspero. De la kaye se siente un gato ke mauya, No ay otra boz mas k'el bruido de la luva. Kedi fin la noche triste sin pueder dormirme Abatido, sin gozo, sin saver onde irme. Haim Vitali Sadacca (1919), nascido na Turquia, vive no Canadá (Montreal). Escreve em ladino (rashi - alfabeto hebraico).

De filmes e livros

No lugar do mundo literário nova-iorquino, que ele nunca lamentou deixar para trás, havia agora a sala de aula, que Roth sempre adorou. "É o único lugar onde eu podia falar a sério sobre livros", diz hoje, com certa nostalgia. "Em qualquer outro lugar, se você menciona um livro as pessoas começam a falar sobre filmes". (em Roth Libertado, de Claudia Roth Pierpoint)

Emburrecimento

Consta que Mátyas Rákosi, o ditador comunista do pós-guerra que Stalin apelidou carinhosamente de "Tsar vermelho da Hungria", teria, durante uma reunião do comitê central de seu partido, dado um murro na mesa e berrado: "Camaradas, será que emburrecemos tanto, que já acreditamos em nossos próprios slogans?". Do texto de Nelson Ascher, A estrela amarela e a vermelha.

Israel e Kafka

Na matéria que saiu no  El País (Brasil) , o fim de um longo processo judicial. O Tribunal de Tel Aviv determinou que os manuscritos de Kafka devem permanecer com a Biblioteca Nacional de Israel. O processo envolveu vários personagens: Kafka deixou seu material escrito para Max Brodi, que por sua vez o entregou à sua secretária Esther Hoffe, com a obrigação de que o entregasse a um arquivo público. No entanto, Hoffe descumpriu a vontade do chefe (que por sua vez descumpriu a de Kafka - não era para atear fogo em tudo?) e leiloou os manuscritos e documentos, faturando alguns milhões... Alguns documentos terminaram no Arquivo Alemão de Literatura. Em 2007, com a morte de Hoffe, iniciou-se a batalha judicial entre suas herdeiras (que receberam os documentos em legado), apoiadas pelo Arquivo Alemão, e a Biblioteca Nacional, apoiada por Israel. Um processo kafkiano.

14 de julho, por Childe Hassam (1859-1935)

Samba (2014), de Eric Toledano e Olivier Nakache

Conhecido pelo filme Os Intocáveis (dos mesmos diretores) o francês Omar Sy é a principal atração desta história que mostra o mundo da imigração ilegal na França.       No papel de Samba Cissé, conhece uma estressada Alice (Charlotte Gaisnbourg), que trabalha como voluntária numa ONG de auxílio a imigrantes. Para o grande público brasileiro, uma oportunidade de assistir a um filme que não mostra a Paris turística, mas a do submundo da imigração, dos centros de detenção, juizados de instrução, entidades assistenciais e trabalhos degradantes. Os diretores gostam de frisar que não é a França de Amélie Poulain.   Nem por isso, o filme é pesado; pelo contrário. Consegue ser leve e divertido, sem prejudicar a história que de leve e divertida não tem nada. Samba ("como a dança") já vive na França há dez anos mas nem por isso conseguiu regularizar sua situação.   Ao sair do centro de detenção - livre, mas com uma ordem de deixar o território francês - segue os cons

A Física da Melancolia, de Georgi Gospodinov

Os leitores da Biblioteca já conhecem Georgi Gospodinov (1968) do conto  And all turned Moon .  Agora, ainda inédito no Brasil, concluo o surpreendente romance  The Physics of Sorrow,  sensação na Bulgária, onde o livro se esgotou em um dia. E pensar que tudo começou quando a  The Economist  publicou uma matéria esculhambando o país (e a Romênia) como o pior membro da União Européia - e, de quebra, atribuindo à Bulgária o título de "o país mais infeliz do mundo". Não à toa, em determinado momento, o narrador fala da palavra "sorrow" (na verdade, quem faz isso é o tradutor: não se esqueça que li a tradução para o inglês de um texto búlgaro..) e da portuguesa "saudade" e da turca "hüzün". Nasci no final de agosto de 1913 como um ser humano do sexo masculino. Não sei a data exata. Esperaram por mim por dias para ver se eu sobreviveria e então me levaram para o registro. É o que eles faziam com todos (...) Nasci duas horas antes do amanhec

O julgamento de Viviane Amsalen (2014), de Ronit e Shlomi Elkabetz

Ainda sem previsão para o Brasil, certamente ficará poucas semanas em cartaz, ou ficará restrito a festivais de cinema israelense. Os irmãos Ronit (que faz Viviane; ela atuou em outro filme muito bom, A Banda, de Eran Kolirin) e Shlomi Elkabetz trazem a história de uma mulher que procura, desesperadamente, se separar do marido Elisha (Simon Abkarian, francês de origem armenia).  Em Israel, não há casamento ou divórcio civis, e tudo é resolvido na esfera religiosa. Todo o filme (cerca de 1 hora e 5o minutos) se passa dentro de um tribunal rabínico e a primeira coisa a chamar a atenção é a demora: como são lentos os processos! Nada a dever a tribunais não religiosos de outras bandas.  Elisha conta com Shimon, seu irmão. Carmel ben Tovi é o advogado boa-pinta, com cara de argentino, que irá defender Viviane. Entre os juízes, destaque para Salmion, que conduz o julgamento.  É inegável que tudo conspira a favor do marido - ele não é um vilão caricato: não é mau, não trai, não

Cala a boca, Philip!, (2014) de Alex Ross Perry

Nos cinemas, sem que os jornais se dêem conta, um grande filme para os leitores de Philip Roth. O resultado é bem melhor, por exemplo, da adaptação d' A marca humana, com Anthony Hopkins e Nicole Kidman. Se lembrarmos de Claudia Roth Pierpoint, o principal personagem dos livros de Philip Roth é Philip Roth. É praticamente impossível ver Jason Schwartzman no papel de um escritor egocêntrico e detestável - chamado Philip Lewis Friedman - sem se lembrar do grande escritor de Nova Jersey. Rubens Ewald Filho (que não gostou do filme) considera-o um dos personagens mais insuportáveis e detestáveis da história do cinema - no que estamos de acordo. Na lista dos 35 melhores com menos de 35" (que Philip Roth esculhambaria), mas com uma tremenda dificuldade em aceitar a recepção ao seu segundo romance, o Philip da história não se empolga com nada, acha-se o maior escritor vivo, sabota e trata mal o editor (isso para não falar dos empregados da editora) e somente se entusiasma

Dia 4 na Revista Samizdat

Dia 4; na coluna da Revista Samizdat, um  texto sobre a extinção em massa da Era Analógica. Fóssil encontrado no subsolo do edifício Marquês do Herval, no Rio de Janeiro

No Purgatório dos escritores

Trampantojo, por Max (Babelia, El País)