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Mostrando postagens de novembro, 2011

Willis Carrier, Heroi da Biblioteca

Willis Carrier nasceu em 26 de novembro de 1876. Tornou a vida nos trópicos mais suportável. É considerado o pai do aparelho de ar condicionado moderno (1906). Cada cidade brasileira devia dar a ele uma estátua e, pelo menos, o nome de uma avenida...

Conto da Semana, de Bertolt Brecht

Medida contra a violência, de Bertolt Brecht. Integra O Melhor do Conto Alemão no Século 20 , organizado por Rolf Renner e Marcelo Backes (o tradutor). L&PM. Certo dia o senhor Keuner, o Pensante, se pronunciava contra a violência num auditório; de repente, percebeu que as pessoas se distanciavam dele e, por fim, se afastavam. Olhou em torno e viu parada atrás de si... a violência. - O que tu disseste? – perguntou-lhe a violência. - Eu me pronunciava a favor da violência – respondeu o senhor Keuner. Quando o senhor Keuner foi embora, seus alunos lhe perguntaram por que dobrara a espinha. O senhor Keuner respondeu: - Eu não tenho espinha dorsal para vê-la destroçada. Justamente alguém como eu precisa viver mais tempo do que a violência. E o senhor K contou a seguinte história: À casa do senhor Egge, aquele que aprendeu a dizer não, chegou certo dia no tempo da ilegalidade, um agente exibindo um certificado expedido em nome daqueles que dominavam a cidade

Joaquin Rodrigo e o Concierto de Aranjuez

 Faria 110 anos hoje, dia 22 de novembro. Cego de nascença, sua obra mais famosa é o Concierto de Aranjuez . Aqui, Paco de Lucia toca o segundo movimento, o Adagio.

O Ponto de Aldo Manuzio

No princípio do século V, são Jerônimo, tradutor da Bíblia, desenvolveu um sistema conhecido, conhecido como per cola et commata, no qual cada unidade de sentido era marcada com uma letra que sobressaía da margem, como se iniciasse um novo parágrafo. Três séculos mais tarde já se utilizava o punctus tanto para indicar uma pausa dentro da oração quanto para assinalar sua conclusão. Seguindo essas convenções confusas, os autores dificilmente podiam esperar que seu público lesse um texto com o sentido que eles tinham pretendido conferir-lhe. Até que, em 1566, Aldo Manuzio, o Jovem, neto do grande impressor veneziano a quem devemos a invenção do livro de bolso, defini o ponto em seu manual de pontuação, o Interpungendi ratio. Ali, com seu claro e inequívoco latim, Manuzio descreve pela primeira vez seu papel e seu aspecto definitivos. Ele pensou que estava preparando um manual para tipógrafos; não podia saber que oferecia a nós, futuros leitores, os dons do sentido e da música

A História Trágica do Doutor Fausto, de Marlowe

FAUSTO Ouve-mos ler então: “Nos termos seguintes: primeiro, que Fausto haja de ser um espírito em forma e substância; segundo, que Mefistófeles o sirva e esteja às suas ordens; terceiro, que faça e lhe traga tudo quanto deseje; quarto, que se conserve em seus aposentos ou em sua casa, mas invisível; último, que apareça ao dito João Fausto todas as vezes e sob todas as formas e aspectos que este deseje. Eu, João Fausto, de Wertenberg, doutor, dou pelo presente, tanto o corpo como a alma a Lucifer, príncipe do Oriente, e a seu ministro Mefistófeles; e mais lhe concedo, expirado o prazo de 24 anos, e mantidos os artigos acima indicados sem violação, plenos poderes para virem buscar e levar o dito João Fausto, corpo e alma, carne, sangue e bens, para a sua habitação, onde quer que ela seja. Eu, João Fausto (p. 60-61). Consta que a primeira obra literária a respeito surgiu em meados do século XVI, na Alemanha – Historia von D. Johann Fausten – e que o personagem teria sido um

Um Fausto sem Sorte

De Orlando van Bredan (Argentina, 1952) e traduzido por mim mesmo... Fausto Salinas, como o Fausto eterno, decidiu pactuar com o diabo. - Entrego-te minha alma – propôs – em troca de que todas as mulheres queiram me ter em seus braços. - Isso é tudo? – perguntou Lúcifer. - Isso é tudo – confirmou Fausto Salinas, antes, pouco antes do Rei das Trevas o transformar em um bebê, um belíssimo bebê de sorriso irresistível.

Classe Econômica

Do blog  O Silêncio dos Livros . O desenho é de Marc Rosenthal.

Pequena Fábula, de Kafka

Pequena Fábula, de um dos heróis da Biblioteca, na tradução de Modesto Carone. O desenho acima é do americano Peter Kuper, em Desista!, HQ baseada na obra de Kafka e publicada pela Editora Conrad: - Ah - disse o rato - o mundo torna-se a cada dia mais estreito. A princípio era tão vasto que me dava medo, eu continuava correndo e me sentia feliz com o fato de que finalmente via à distância, à direita e à esquerda, as paredes, mas essas longas paredes convergem tão depressa uma para a outra, que já estou no último quarto e lá no canto fica a ratoeira para a qual eu corro. - Você só precisa mudar de direção - disse o gato -e devorou-o.

Cinco filmes sobre a Primeira Guerra

Em 11 de novembro de 1918, terminou a Primeira Guerra. Aqui meus cinco filmes favoritos sobre o evento (em ordem cronológica): Nada de Novo no Front – 1930. EUA. Dirigido por Lewis Milestone. Baseado na obra de Remarque e considerado por muitos o maior filme antiguerra de todos os tempos. A Grande Ilusão – 1937. França, de Jean Renoir. Com Jean Gabin (tenente Maréchal), Pierre Fresnai (oficial Boeldieu) e Erich Von Stroheim (no papel de Von Rauffenstein). Soldados franceses capturados são tratados com dignidade pelo exército alemão. Os oficiais Boeldieu e Rauffenstein, apesar de inimigos, lamentam a perda de um certo código, de valores aristocráticos, pertencentes a uma civilização que sabem que está prestes a desaparecer (o alemão diz: independente do resultado desta guerra, é o nosso fim...). Glória Feita de Sangue – 1957. EUA, dirigido por Stanley Kubrick e com Kirk Douglas como o coronel Dax, que irá interceder por seus soldados submetidos à corte marcial por não

Dr. Livingstone, I presume

10 de novembro de 1871: We push on rapidly. We halt a little brook, then ascend the long slope of a naked ridge, the very last of the mytiads we have crossed. We arrive at the summit, travel across, and arrive at its western rim, and Ujiji is bellow us, embowered in the palms, only five hundred yards from us! At this grand moment we do not think of the hundreds of miles we had marched, of the hundreds of hills that we have ascended and descended, of the many forests we have traversed, of the jungles and thickets that annoyed us, of the fervid salt plains that blistered our feet, of the hot suns that scorched us, nor the dangers and difficulties now happily summoned. Our hearts and our feelings are with our eyes, as we peer into the palms and try to make out in which hut or house lives the white man with the gray beard we heard about on the Malagarazi. O  white man with the gray beard é Livingstone; o autor do texto, Henry Stanley.

A Pele que Habito, de Pedro Almodóvar

Difícil de tentar resumir o enredo sem estragar o filme.  Antonio Banderas interpreta, pela primeira vez em muitos anos, um personagem que não o próprio Antonio Banderas, o brilhante médico Ledgard.  Há uma mulher misteriosa (Elena Anaya), que vive encarcerada em sua residência e laboratório, vigiada pela governanta (Marisa Paredes). Como ela parou lá; o que ele faz – tudo começa a ser explicado a partir da metade do filme. Surpreendente... há ainda a mulher de Ledgard, que morre vítima de queimaduras; a filha Sofia, que conhece Vicente num casamento. Algo de Frankenstein com um plano de vingança levado às últimas conseqüências, nos mínimos detalhes, que acaba sendo descoberto   no final... Almodóvar, polêmico como sempre, num filme que me parece muito diferente de seus anteriores - ao menos dos últimos.

Conto da semana - O Sanatório de Bruno Schulz

Klepsydra. O sanatório situa-se no fundo do vale, do outro lado de uma passarela com corrimão instável feito de galhos de bétula. Trata-se de uma grande edificação em forma de ferradura, dirigida pelo dr. Gotard, descobridor da reversão do tempo. Graças a essa singular descoberta, tudo na clínica está levemente atrasado e, em consequência, pacientes que acreditamos terem morrido em outro lugar ainda estão vivos quando chegam. No entanto não se podem erradicar totalmente suas mortes, que deixam certos traços em suas existência (...) Tudo o que se pode dizer com certeza é que o passado foi reativado e que há, portanto, uma possibilidade de recuperação. Essa descrição do Sanatório está no incrível Dicionário de Lugares Imaginários, de Alberto Manguel e Gianni Guadalupi. Achei essa edição (Editora Imago, 1994, tradução de Henryk Siewerski), que acreditava esgotada, na Livraria da Travessa no Rio, há menos de um mês. Creio que posso dizer que, agora, tenho suas obras completa