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Mostrando postagens de setembro, 2019

A Biblioteca à Noite em Copacabana

Imperdível. No SESC Copacabana, a exposição que já correu alguns países e já passou por São Paulo. Quem leu A biblioteca à noite vai reencontrar algumas das bibliotecas comentadas pelo autor - inclusive a dele. 

História da grandeza e decadência de Cesar Birotteau, de Balzac

Balzac é um dos autores mais estudados pelo chamado Direito e Literatura. É quase um curso de direito privado. Quem, no Brasil, viu uma letra de câmbio (não estou falando do pessoal do direito) fora de uma das histórias da Comédia Humana? Se, por exemplo, em Coronel Chabert temos um pequeno tratado sobre o direito das sucessões francês do início do século XIX, em César Birotteau temos uma visão bastante realista do que foi (e, em certa medida, ainda é) a falência para um comerciante honesto (Balzac dedica outro texto ao comerciante picareta, mas fica para a próxima leitura). Aqui temos quase tudo: um comerciante dedicado ao trabalho duro e metódico, que iniciou sua vida como aprendiz de um perfumista. Desenvolveu uma fórmula para a pele, acumulou uma pequena fortuna. Até que resolve investir na especulação imobiliária que se seguiu à queda de Napoleão e ao retorno do rei. Não percebeu que se tratava de um golpe de um antigo assistente - du Tillet, agora frequentador dos altos círc

The red-haired woman, de Orhan Pamuk

Os livros de Pamuk costumam ser longos, coisa de mais de 500 ou 600 páginas. Este, cuja edição em inglês saiu em 2017, minutos e inédito no Brasil (li no Kindle), é bem mais curto, com 250 páginas, mas os principais temas do escritor estão presentes: o conflito entre tradição e modernidade, Ocidente e Oriente. Há também um tom de fábula, bem característico da prosa pamukiana.  O personagem principal - e narrador das duas primeiras partes - é Cem. A ausência de seu pai, militante comunista nos anos 80 na Turquia (em outras palavras, vivia preso ou fugindo do cárcere) o levou a uma quase obsessão com a história grega do Rei Édipo - e do épico persa Shahnameh de Ferdowsi. Duas visões (Ocidente e Oriente) para a mesma tragédia? Um filho que nunca conheceu seu pai o encontra já adulto; nenhum reconhece o outro; ambos lutam e um deles morre - Sófocles mata o pai, já na história de Ferdowsi,  Rostan acaba assassinando o filho Sohrab. Pamuk já havia recorrido a essas duas narrativas e