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Mostrando postagens de abril, 2014

Os três russos

Não dá para traduzir uma obra de arte literalmente. É o mesmo texto, sendo outro. É o mesmo texto, mas na língua de chegada - Paulo Bezerra Três nomes da tradução do russo para o português,  neste artigo da Revista Piauí.  É de agosto de 2010, ou seja, décadas atrás para os padrões da internet. Paulo Bezerra, Bruno Gomide e Boris Schnaidermann. Antes do lançamento da Nova Antologia do Conto Russo (pela 34) e do Guerra e Paz (traduzido pelo Rubens Figueiredo, que também aparece no texto).

Rizzoli

Uma das livrarias mais bonitas e incríveis que conheci, na 57, entre Quinta e Sexta Avenidas. Na coluna do dia19 de abril do  Sergio Augusto  a informação do encerramento de suas atividades. Uma lástima. Sim, sou fã do Kindle, mas... a Rizzoli?  No texto do Sergio Augusto, um inventário das últimas grandes livrarias fechadas, e como algumas francesas vêm sobrevivendo. Abaixo, um vídeo, para matar as saudades.

Gabriel Garcia Marquez (1927-2014)

Um texto de  Salman Rushdie sobre Gabriel Garcia Márquez (1927-2014).  No NYT e em inglês. Não li Cem Anos de Solidão , mas gostei muito de Crônica de uma morte anunciada e Ninguém escreve ao coronel. Ambos quando estudava espanhol. Um escritor decididamente de esquerda, ao contrário de sua obra, que sempre ficou acima destas classificações.

Conto da semana, de Etgar Keret

O escritor israelense Etgar Keret (que já apareceu no blog,  aqui ) é presença confirmada na FLIP 2014, este ano em agosto por causa da Copa. Enquanto agosto não chega - nem seu livro, que deve sair pela Rocco - um dos seus contos,  O Gordinho.

Baudelaire por Junqueira

Arrisco-me a dizer que a influência de Baudelaire jamais deixará de se exercer entre nós, pois é com ele, acima de qualquer outro, que tem início a poesia moderna no Ocidente. Baudelaire é um poeta eterno, assim como Homero, Dante, Petrarca, Camões ou Leopardi. Ivan Junqueira, tradutor e estudioso de Baudelaire, nascido em 9 de abril de 1821.

Umberto Eco e o excesso de informação

Vamos tomar como exemplo o ditador e líder romano Júlio César e como os historiadores antigos trataram dele. Todos dizem que foi importante porque alterou a história. Os cronistas romanos só citam sua mulher, Calpúrnia, porque esteve ao lado de César. Nada se sabe sobre a viuvez de Calpúrnia. Se costurou, dedicou-se à educação ou seja lá o que for. Hoje, na internet, Júlio César e Calpúrnia têm a mesma importância. Ora, isso não é conhecimento. De fato, é um problema. Na entrevista, que pode ser lida  aqui , no entanto, ele mesmo reconhece as vantagens da internet para quem tem conhecimento e sabe onde procurá-lo. Esta é a grande questão, afinal.

Os Jardins e o Pandemônio, de David Dephy

Os jardins e o pandemônio David Dephy Traduzido (do inglês) por Úmero Cardoso Lumme Editor, 2013, 360 p. Eu vou te contar. Vou contar o exato. Como aqueles dias desgraçados foram se sucedendo, eu vou contar; pelo menos enquanto ainda estou vivo e Deus sabe quanto tempo ainda tenho neste mundo. Eu atinei e olhei pro céu. Escutei o barulho de explosões por toda parte, longe e perto. Havia barulho de tiros e helicópteros. Eu sou Gigga, Sardlishvili Giorgi, da Quarta Infantaria, tenente da Terceira Companhia Charly... E agora, enquanto estou com esses ferimentos fatais, prostrado nesta cama de hospital, posso morrer a qualquer momento e até parece que o tempo reduziu seus passos diante da morte,quem sabe ele não interrompe a caminhada e me deixa falar... O escritor georgiano David Dephy (1968) já apareceu aqui várias vezes, desde o conto Antes do Fim (BEF 2012), passando por A Cadeira e Palavras, palavras, palavras. Este Os jardins e o pandemônio é seu romance pu

Conto da semana, de Heinrich von Kleist

O conto da semana é de Heinrich von Kleist (1777-1811), autor romântico alemão. Está no volume 2 do Mar de Histórias e, de acordo com os antologistas, interessa-nos não só pelo espetáculo das forças desencadeadas da fatalidade e dos desvios da alma coletiva em estado patológico, mas também pelo ambiente sul-americano em que o escritor alemão os faz funcionar. Sim, já que se tornou o assunto da semana - não só pela intensidade  8,2 graus na escala Richter, como pelo número reduzido de vítimas fatais, demonstrando a seriedade com que lida com a realidade - o conto tinha de ser  O Terremoto do Chile.  Kleist conta a história de Jeronimo Rugera e Dona Josefa, filha de D. Henrique. É lógico que os dois tem um caso proibido - ou não estaríamos diante de um texto e autor tipicamente românticos. O mancebo engravida a mulher que estava num convento e é condenado à morte. No dia, porém, a terra se abre e a cidade é devastada pelo terremoto. A descrição de Kleist sobre os efeitos

Verso e Prosa

Na poesia a chave está nos primeiros versos. Se não são bons, dificilmente se vai em frente, e o leitor desiste. No romance, ao contrário, isso pode demorar e nem sempre as páginas apresentam a maravilha que pode vir. Por isso, de alguma maneira, entendo Gide quando ele se recusou a publicar Em Busca do Tempo Perdido, de Proust, o que o levaria a se arrepender por toda a vida. Há outros romances que desde as primeiras páginas te capturam, como Cem Anos de Solidão, com esse começo extraordinário; o Moby Dick, com este 'Digamos que me chamo Ismael', tão enigmático; ou O Quixote com 'Em algum lugar da Mancha de cujo...', com seu mistério e musicalidade. Como dizia Borges, o que não for excelente não é poesia, por isso me dediquei ao romance..." Vargas Llosa,  na edição brasileira do El País.

O derrame e o escritor - pensamentos que não podem ser ditos

Numa noite, uma semana antes do último Natal, sentei-me para responder uma carta. Mas quando estava para escrever as primeiras palavras, senti-as escapando de mim, desmanchando-se no ar antes de alcançar o papel. Fiquei surpreso, mas não preocupado. Estava muito cansado e prometi a mim mesmo parar assim que acabasse a nota. Tentando me concentrar, esforçei-me para formar em minha mente a frase. Deveria escrever. Mas mesmo sabendo a essência do que eu queria dizer, a frase não tomava corpo. As palavras se rebelaram, se recusaram a fazer o que eu lhes pedia: ao contrário de Humpty Dumpty, que diz a Alice que quando usa as palavras "a questão é quem deve ser o mestre - isto é tudo", eu me senti muito fraco para dar às palavras as ordens que elas deveriam seguir. Alberto Manguel sofreu um derrame no último Natal.  Passado o susto, escreveu  este artigo no New York Times  sobre sua experiência, refletindo, ainda, sobre o ato de escrever - e de ler.

A Livraria do Desassossego

Imagine o seu livro favorito. Imagine abrir uma livraria cujo catálogo se resume, exclusivamente, a vender o seu livro favorito.  Foi o que fez Christian Kjelstrup ao abrir a Livraria do Desassossego , em Oslo.  Kjelstrup é admirador do livro - o melhor do mundo, diz - e do heterônomo Bernardo Soares. Na verdade, a livraria ficou aberta apenas durante uma semana, fechando ontem, dia 2 de abril, num espaço alugado pelo idealizador para a realização de seu sonho. Mais detalhes  aqui.

Nova tradução: O cachorrinho lilás na tela branca, de David Dephy

Na última quarta, dia 25 de março, a editora Lumme lançou o conto O cachorrinho lilás na tela branca e o romance Os jardins e o pandemônio , ambos de David Dephy. Infelizmente, não deu para participar do evento do lançamento e fazer a leitura em São Paulo. Um estranho cachorrinho lilás chama a atenção de um artista. Ele quer levá-lo ao seu ateliê, mas as coisas não dão muito certo... 

Therese D. (2012)

Filmes sobre livros... Thérèse Desqueyroux é interpretada por Audrey Tautou. Gilles Lellouche é Bernard. É o último trabalho de Claude Miller, que morreu logo depois de concluí-lo. Miller, que sempre ousou ao adaptar obras literárias, preferiu uma narrativa linear - não adotando os flashbacks de Mauriac. Lançado meio século depois da versão de Georges Franju, com Emmanuelle Riva e Phillipe Noiret (quem viu Amor não pode deixar de refletir sobre o tempo...). Tatou dedicou-se à exaustão ao papel principal, estudando a fundo sua personagem. Se tem algo no filme tão intenso quanto no romance é a apatia de Thérèse.