Na poesia a chave está nos primeiros versos. Se não são bons, dificilmente se vai em frente, e o leitor desiste. No romance, ao contrário, isso pode demorar e nem sempre as páginas apresentam a maravilha que pode vir. Por isso, de alguma maneira, entendo Gide quando ele se recusou a publicar Em Busca do Tempo Perdido, de Proust, o que o levaria a se arrepender por toda a vida. Há outros romances que desde as primeiras páginas te capturam, como Cem Anos de Solidão, com esse começo extraordinário; o Moby Dick, com este 'Digamos que me chamo Ismael', tão enigmático; ou O Quixote com 'Em algum lugar da Mancha de cujo...', com seu mistério e musicalidade. Como dizia Borges, o que não for excelente não é poesia, por isso me dediquei ao romance..."
Vargas Llosa, na edição brasileira do El País.
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