Numa noite, uma semana antes do último Natal, sentei-me para responder uma carta. Mas quando estava para escrever as primeiras palavras, senti-as escapando de mim, desmanchando-se no ar antes de alcançar o papel. Fiquei surpreso, mas não preocupado. Estava muito cansado e prometi a mim mesmo parar assim que acabasse a nota.
Tentando me concentrar, esforçei-me para formar em minha mente a frase. Deveria escrever. Mas mesmo sabendo a essência do que eu queria dizer, a frase não tomava corpo. As palavras se rebelaram, se recusaram a fazer o que eu lhes pedia: ao contrário de Humpty Dumpty, que diz a Alice que quando usa as palavras "a questão é quem deve ser o mestre - isto é tudo", eu me senti muito fraco para dar às palavras as ordens que elas deveriam seguir.
Alberto Manguel sofreu um derrame no último Natal.
Tentando me concentrar, esforçei-me para formar em minha mente a frase. Deveria escrever. Mas mesmo sabendo a essência do que eu queria dizer, a frase não tomava corpo. As palavras se rebelaram, se recusaram a fazer o que eu lhes pedia: ao contrário de Humpty Dumpty, que diz a Alice que quando usa as palavras "a questão é quem deve ser o mestre - isto é tudo", eu me senti muito fraco para dar às palavras as ordens que elas deveriam seguir.
Alberto Manguel sofreu um derrame no último Natal.
Passado o susto, escreveu este artigo no New York Times sobre sua experiência, refletindo, ainda, sobre o ato de escrever - e de ler.
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