Nos cinemas, sem que os jornais se dêem conta, um grande filme para os leitores de Philip Roth. O resultado é bem melhor, por exemplo, da adaptação d'A marca humana, com Anthony Hopkins e Nicole Kidman.
Se lembrarmos de Claudia Roth Pierpoint, o principal personagem dos livros de Philip Roth é Philip Roth. É praticamente impossível ver Jason Schwartzman no papel de um escritor egocêntrico e detestável - chamado Philip Lewis Friedman - sem se lembrar do grande escritor de Nova Jersey. Rubens Ewald Filho (que não gostou do filme) considera-o um dos personagens mais insuportáveis e detestáveis da história do cinema - no que estamos de acordo.
Na lista dos 35 melhores com menos de 35" (que Philip Roth esculhambaria), mas com uma tremenda dificuldade em aceitar a recepção ao seu segundo romance, o Philip da história não se empolga com nada, acha-se o maior escritor vivo, sabota e trata mal o editor (isso para não falar dos empregados da editora) e somente se entusiasma com um convite feito por um velho e recluso escritor a quem admira, Zuckerman (não o Nathan, mas um "Ike"), interpretado por Jonathan Pryce.
Um personagem feminino se destaca: a fotógrafa Ashley (Elisabeth Moss, excelente), namorada de Philip, tratada por ele com todo desprezo; ambos vivem juntos até o escritor receber um convite para trabalhar na universidade por alguns meses, o que irá, evidentemente, desestabilizar o casal já em avançado grau de degradação. O convite para morar com Zuckerman é apenas a pá de cal. O velho escritor também é um cara complicado: abandonou a mulher, se envolve com várias, vive com uma filha ressentida e tal.
O filme lembra muito as produções de Woody Allen - o narrador, a fotografia, a agitação da câmera.
Não se trata, a rigor, da adaptação de um romance em especial, mas vários grandes livros do mestre estão aqui. Uma adaptação, digamos, do conjunto da obra, ou de parte dela. Altamente recomendado para rothianos.
Comentários
Postar um comentário