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Mostrando postagens de julho, 2012

Lisboa - Castelo de São Jorge

Até agora não falou o viajante do castelo dito de S. Jorge. Visto cá de baixo a vegetação quase o esconde. Fortaleza de tantas e tão remotas lutas, desde romanos, visigodos e mouros, hoje mais parece um parque. O viajante duvida se o preferiria assim. Tem na memória a grandeza de Marialva e Monsanto, formidáveis ruínas, e aqui, apesar dos restauros, que num princípio reintegrariam a fortaleza na sua recordação castrense, acaba por ter significado maior o pavão branco que se passeia, o cisne que voga no fosso. O miradouro faz esquecer o castelo. Nem parece que naquela porta morreu entalado Martim Moniz. É sempre assim: sacrifica-se um homem pelo jardim dos outros. Saramago, Viagem a Portugal, p. 364-5. Saramago fala de Martim Moniz; segundo a lenda, ele se sacrificou, colocando o seu corpo no vão de uma das portas do castelo. Evidentemente, morreu esmagado, mas seu ato permitiu que os portugueses chegassem a tempo e, com a porta aberta, invadissem o castelo. Trata-de de uma ant

Tomar

Entra em Tomar pelo lado oposto ao Castelo dos Templários, dá, por via do alojamento, as necessárias voltas, e, não havendo hoje tempo para mais, verá a Igreja de São João Baptista e a sinagoga. Saramago, Viagem a Portugal, p. 279. A primeira sinagoga de Portugal foi construída no século XV e encerrada em 1496, por ordem de Dom Manuel I, que determinou a conversão obrigatória dos judeus. Boa parte partiu para o Mediterrâneo, chegando até a Turquia... O Convento de Tomar é o pórtico, é o coro manuelino, é a charola, é a grande janela, é o claustro. E é o resto. De tudo, o que mais toca o viajante é a charola, pela antiguidade, decerto, pela exótica forma octogonal, sem dúvida, mas sobretudo porque vê nela uma expressão plástica perfeita do santuário, lugar secreto acessível mas não exposto, ponto central e foco à roda do qual gravitam os fiéis e se dispõem a figurações secundárias. A charola, assim concebida, é, simultaneamente, sol radiante e umbigo do mundo.

Ferreira do Zêzere

Estivemos em uma cidade não visitada pelo viajante Saramago: Ferreira do Zêzere, a minutos de Tomar.  Paulo Alcobia Neves, primo de minha esposa, nos guiou pela pequena vila, de cerca de 2 mil habitantes, bem próxima a Tomar, onde vive. Paulo conhece a vila como poucos; conta-nos cada detalhe de sua história e das pessoas que hoje dão nome às suas ruas. Está, no momento, dedicado à restauração desta capela, de Nossa Senhora da Penha de França: Almoçamos com Paulo na Quinta dos Valadas, em companhia de seu proprietário, o comendador Sérgio Melo, sua família e seus amigos. Antes do almoço, Ana Isabel Melo nos levou a uma visita pela propriedade. Para as crianças, foi uma surpresa ver os animais lá criados, de javalis a raposas, passando por avestruzes - que enlouquecem com relógios, câmeras fotográficas, celulares e qualquer coisa que lhes apareça pela frente. E partimos, à tarde, para Tomar. 

Santarém

Santarém é uma cidade singular. Com gente na rua ou toda metida em casa, dá sempre a mesma impressão de encerramento. Entre a parte antiga e os núcleos urbanos mais recentes  não parece haver comunicação: está cada qual no lugar onde foi posto e sempre de costas voltadas. O viajante reconhece uma vez mais que se tratará de uma visão subjectiva, mas os factos não desmentem, ou melhor, confirma-o a ausência deles: em Santarém nada pode acontecer, seria outro palácio da Bela Adormecida se soubéssemos onde encontrar a bela. Tem, porém, a cidade as Portas do Sol para desafogar ao longe. Teria, acrescenta duvidosamente o viajante. É que o esplendoroso panorama, a grande vista sobre o rio e os campos de Almeirim e Alpiarça, ainda mais acentuam a sensação de isolamento, de distância, quase de ausência que em Santarém se experimenta. Saramago, Viagem a Portugal, p. 306. Passamos pela cidade onde se encontra, em repouso, o nosso prezado Álvares Cabral.  A sua igreja, infelizment

Palácio de Queluz

Está na sala de D. Quixote, onde se diz que nasceu e morreu D. Pedro IV. Não é este princípio e este fim que comovem o viajante: não faltava mais nada que lacrimejar por coisas tão comuns. O que em verdade o perturba é a incongruência destas cenas da vida  do pobre fidalgo manchego, zelador de honra e justiça, louco apaixonado, inventor de gigantes, posto em tal lugar, neste Palácio de Queluz que leu o rocaille à portuguesa e o neoclássico à francesa, e mais errou do que acertou. Há grandes abusos. O desgraçado Quixote, que comia pouco por necessidade e vocação e castidades forçadas padecia mais do que a conta, foi à força metido numa corte com uma rainha que não queria saber de continências e um rei que as fazia muito ao faisão e ao chispe. Se é verdade que nasceu aqui D. Pedro, se nele houve, a par de interesses familiares e dinásticos que convinha assegurar, real amor da liberdade, então D. Quixote de la Mancha fez quanto pôde para vingar-se da afronta de o pintarem nestas pare

Cascais e Estoril

Estas terras marginais são predilectas do turismo. O viajante não é turista, é viajante. Há grande diferença. Viajar é descobrir, o resto é simples encontrar. Por isso se há-de compreender que passe sem particulares demoras por estas amenas praias, e se nas ondas pacatas do Estoril decidir dar breve mergulho, fique este sem menção. Saramago, Viagem a Portugal, p. 352. Como o ilustre viajante, apenas passamos pelas duas cidades. Nada contra o turismo; foi uma questão de tempo. O amanhecer enevoado nos inibiu de pensar em praia. Há diversos hoteis, de todos os tipos e para todos os tipos - aí incluindo os bolsos, que nunca deverão ser muito desguarnecidos. A cidade é mesmo cara mas merece uma tarde tranquila. Não mais que isso.  Em Estoril, a grande atração é o cassino. E seguimos em frente, rumo ao Palácio Nacional de Queluz.

Sintra

A estrada, sinuosa, estreitíssima, vai contornando a serra como um abraço. Abóbadas de verdura protegem-na do Sol, separam o viajante ciosamente da paisagem circundante. Não se reclamem horizontes largos quando o horizonte próximo for uma cortina cintilante de troncos e folhagens, um jogo infinito de verdes e de luz. Seteais aparece insolitamente com o seu grande terreiro relvado, afinal pouco mais do que um miradouro para a planície e um cenográfico ponto de vista para o Palácio da Pena, lá no alto. Explicar o Palácio da Pena é aventura em que o viajante não se meterá. Já não é pequeno trabalho vê-lo, aguentar o choque dessa confusão de estilos, passar em dez passos do gótico para o manuelino, do mudéjar para o neoclássico, e de tudo isto para intervenções com poucos pés e nenhuma cabeça. Mas o que não se pode negar é que, visto de longe, o palácio apresenta uma aparência de unidade arquitectónica invulgar, que provavelmente lhe virá muito mais da sua perfeita integração na

Óbidos

Mas Óbidos merece todos os mais louvores. É bem possível que a vila tenha um modo de viver um pouco artificial. Sendo lugar obrigatório de passagem e permanência de visitantes, toda ela se compôs para tirar, não um retrato, mas muitos, com a preocupação de em todos ficar favorecida. Óbidos é um pouco a menina de tempo antigo que foi ao baile e espera que a venham buscar para dançar. Vemo-la muito composta na sua cadeirinha, não mexe uma pestana e está raladíssima porque não sabe se o caracol da testa se desmanchou com o calor. Mas, enfim, a menina é mesmo formosa, não há que negar. Saramago, Viagem a Portugal, p. 330. No caminho para Óbidos, passamos por Caldas da Rainha, e o senhor Bernardino conta que a rainha estava por aquelas bandas quando se sentiu muito mal. Toda a comitiva parou, preocupada; um pastor disse aos guardas que havia um lugar, malcheiroso, que fazia muito bem às suas cabras. O guarda prendeu o sujeito, que teria comparado Vossa Alteza com uma cabra. No m

Nazaré

Que veio o viajante fazer à Nazaré? Que faz em todas as povoações e lugares onde entra? Já se sangrou em saúde, já declarou que viajar não é isto, mas sim estar e ficar, e não pode estar sempre a dizê-lo. Porém, aqui terá de retornar a ladainha para que lhe seja garantida a absolvição: devia estar e ficar para ver os pescadores irem ao mar e do mar voltarem, oxalá que todos; devia saber a cor e o bater das ondas; devia puxar os barcos; devia gritar com quem gritasse e chorar com quem chorasse; devia pesar o peixe e o salário, o morrer e o viver. Seria nazareno, depois de ter sido poveiro e vareiro. Saramago, Viagem a Portugal, p. 296. Esperava pouco de Nazaré e, talvez por isso mesmo, tenha sido surpreendido. De Batalha, esperava algo magnífico - como de fato é o Mosteiro. De Nazaré, não sabia o que esperar, e pensei inicialmente em um ponto de apoio para um passeio de dez horas num carro. Observou o senhor Bernardino as mulheres de preto - que perderam filho ou marido para o mar -

Alcobaça

O que de notável a fachada do mosteiro tem, é a perfeita integração dos seus diferentes estilos, tanto mais que o barroco com que culmina não faz qualquer esforço para se aproximar do gótico do portal. É verdade que este é diminuido na sua possibilidade de competição com os restantes elementos da fachada pelo facto de ter as arquivoltas lisas, sem decoração, e estar ladeado por pilastras brancas. O conjunto, portanto, apresenta uma organização e uma movimentação barroca que as duas janelas manuelinas que enquadram a rosácea não modificam. As torres sineiras são o triunfo do estilo, repetido até à exaustão por todo o País. Saramago, Viagem a Portugal, p. 297. Lá chegamos depois do almoço; as crianças cansadas e o sol estourando. O mosteiro me interessou mais por guardar os restos de D. Pedro e Dona Inês, os imortais amantes que esperam o fim do mundo para se levantarem e continuarem o amor no ponto em que os "brutos matadores" o cortaram, se tais continuaçõe

Batalha

A viagem não é longa, o viajante pode ir devagar. E, para seu maior descanso, deixa a estrada principal e segue por esta, modestíssima, que faz companhia ao rio Lis. É um modo de preparar-se em paz para enfrentar o Mosteiro de Santa Maria da Vitória. O viajante escreve estas palavras muito seguro de si mas em seu íntimo sabe que não tem salvação possível. Onde dez mil páginas não bastariam, uma é demais. Tem muita pena de não estar viajando de avião, assim poderia dizer: "Mal pude olhar, ia muito alto" Mas é pelo chãozinho natural que vai, e está quase a chegar, não há aqui fugir um homem ao seu dever. Mais fácil tarefa foi a de Nuno Álvares, que só teve de vencer os castelhanos. Saramago, Viagem a Portugal, p. 291. Estamos em Batalha conduzidos pelo senhor Bernardino, que nos conta detalhes da paisagem e da história do país. O Mosteiro de Santa Maria da Vitória é o conhecido Mosteiro de Batalha - a batalha a qual se refere é a de Aljubarrota, que fica há menos de ci

Fátima

São muitas as voltas para chegar a Fátima. Há certamente caminhos mais rectos, mas dos lados donde o viajante vem, com mistura de mouros e judeus, não é de estranhar que tenha achado o percurso longo. Hoje, a imensa esplanada é um deserto. Só lá ao fundo, ao pé da Capela das Aparições, se juntaram algumas pessoas, e há pequenos grupos que se aproximam ou afastam distraidamente (...) O viajante, que é impenitente racionalista, mas que nesta viagem já muitas vezes se emocionou por causa de crenças que não partilha, gostava de poder comover-se também aqui. Retira-se sem culpas. Saramago, Viagem a Portugal, p. 285. Definitivamente, Saramago não gostou de Fátima - o conjunto arquitetônico, esclareça-se. Viemos, ao contrário do viajante, de Lisboa, com o senhor Bernardino. No caminho, percebemos a diferença entre o Brasil e um país que não se pode dar ao desplante de desperdiçar terra: em quarenta minutos, passamos por vinhas, macieiras, pereiras, figueiras, oliveiras, além de

Vermeer, de Wislawa Szymborska

Do site do  Poesia Ilimitada , de Portugal, e traduzido por Ana Kalewska, Beata Cieszynska e Teresa Swiatkiewicz, um poema de Wislawa Szymborska (1923-2012), Nobel de Literatura de 1996. VERMEER Enquanto aquela mulher do Rijksmuseum, em quietude pintada e concentração,  dia após dia, não verter o leite  do jarro para a vasilha, o Mundo não merece  o fim do mundo. 

Conto da semana, de Andrej Blatnik

O escritor esloveno Andrej Blatnik (1963) tem dois contos traduzidos para o português, que podem ser lidos no seu site,  aqui.  A BEF 2010 traz alguns de seus contos, originalmente publicados em You Do Understand? ; todos muito breves. Alguns, como Trinta Anos, sequer chegam à meia página - É horrível ver como o homem que você amou  por tantos anos muda, ela pensou. Sua pele costumava ser lisa como vidro e quente como o algodão. Agora é sulcada como a terra e gelada como o gelo. É horrível ver como a mulher que você amou por tantos anos muda, ela pensou. Sua mão costumava ser carinhosa, agora segura uma faca . Ou em Separação,  que começa com a seguinte constatação: It's odd to wake up in a strange apartment. You look at the woman lying next to you. How did you get there? E o próprio narrador diz: Você não pode começar uma conversa com uma mulher lendo [Paulo] Coelho no trem, realmente... ; o narrador tem o hábito de avaliar os apartamentos que visita pelos livros e discos - a

Livreiros Malévolos

Durante o dia, escrevo, folheio, reorganizo livros, instalo as novas aquisições, transfiro seções inteiras por conta do espaço. Os recém-chegados recebem as boas-vindas depois de um estágio probatório. Se o livro é de segunda mão, deixo intactas todas as marcas, os rastros de leitores prévios, companheiros de viagem que registraram sua passagem por meio de comentários rabiscados, um nome na página de rosto, um bilhete de ônibus marcando determinada página. Velhos ou novos, o único sinal de que sempre tento livrar meus livros (em geral com pouco sucesso) é a etiqueta autocolante de preço que livreiros malévolos pregam nas contracapas. Aquelas crostas brancas e daninhas saem com dificuldade, deixando feridas leprosas e trilhas grudentas às quais aderem o pó e a lanugem do tempo, fazendo-me desejar que seu inventor seja condenado a um inferno especial, viscoso. Alberto Manguel, A Biblioteca à Noite. Companhia das Letras, 2006, p. 23-24. Tradução de Samuel Titan Jr.

Viagem a Portugal, de José Saramago

Viagem a Portugal José Saramago Companhia das Letras, 2010, 486p Resigne-se pois o leitor a não dispor deste livro como de um guia às ordens, ou roteiro que leva pela mão, ou catálogo geral. Às páginas adiante não se há-de recorrer como a agência de viagens ou balcão de turismo: o autor não veio dar conselhos, embora sobreabunde em opiniões. É verdade que se acharão os lugares selectos da paisagem e da arte, a face natural ou transformada da terra portuguesa: porém, não será forçadamente imposto um itinerário, ou orientado habilmente, apenas porque as conveniências e os hábitos acabaram por torná-lo obrigatório a quem de sua casa sai para conhecer o que está fora. Sem dúvida, o autor foi aonde se vai sempre, mas foi também aonde se vai quase nunca. Na apresentação a Viagem a Portugal, Saramago já avisa que turista é uma coisa; viajante, outra. O autor é viajante; passa por lugares quase fantasmas, sombras de um passado medieval mas que parecem adquirir, ainda que por in

Conto da Semana,de Gonçalo Tavares

Gonçalo Tavares é, sem dúvida, o mais prolífico dos grandes novos autores portugueses. Descobri esse pequeno conto - O País Ingênuo - na antologia BEF 2011. Como é muito esquisito - além de ridículo - ler autor português traduzido em inglês, procurei pela versão original. Achei-a no site da antiga e, infelizmente finada, Revista Entrelivros. A tristeza era tanta que os sorrisos passaram a ser pagos. Alguns funcionários do Estado, disfarçados, diluídos na multidão das cidades, observavam os poucos cidadãos sorridentes que passavam, e, discretamente, mandavam-nos parar. Apresentavam-se: Funcionários do Estado!, diziam, e pediam depois a identificação do sorridente. Registavam nome e morada. Ao fim do mês, os referidos cidadãos recebiam o cheque. Durante o mês de fevereiro foi visto três vezes a sorrir na rua – estava escrito – com data e hora - no pequeno documento que acompanhava o dinheiro. A quantia dada por cada sorriso não era uma fortuna, mas digamos que ser

3 de julho é dia de Franz Kafka

3 de julho. Em 1883, nasceu Franz Kafka. O destino de Kafka foi transmudar as circunstâncias e as agonias em fábulas. Escreveu sórdidos pesadelos em um estilo límpido. Não em vão era leitor das Escrituras e devoto de Flaubert, de Goethe e de Swift. Era judeu, mas, que eu me lembre, a palavra 'judeu' não consta em sua obra. Ela é intemporal e talvez eterna (J. L. Borges, Biblioteca Pessoal). Seu O Processo deveria ser leitura obrigatória nas faculdades de Direito, ainda que eu ache que o impacto e o estranhamento causados num estudante inglês ou americano sejam maiores do que no brasileiro - e a culpa, obviamente, não é de Kafka. Mas muito do seu pesadelo burocrático é rotina por aqui. A melhor versão para o cinema é, disparado, esta, de Orson Welles, com o próprio, Anthony Perkins e Romy Schneider, de 1962: No final, o próprio Welles lê os nomes dos atores para terminar: Eu fiz o papel do advogado, escrevi e dirigi este filme. Meu nome é Orson Welles.

Em Roma com Woody Allen

Conseguimos assistir na estreia, aqui em Belo Horizonte, de Para Roma com Amor. Este é um filme mais engraçado que Meia-Noite em Paris, a começar com a presença, no elenco, do próprio Woody Allen,  um produtor musical recém-aposentado. Ele e a mulher chegam a Roma para encontrar sua filha, Hayley, e conhecer a família de seu noivo Michelangelo, cujo pai, Giancarlo, é dono de uma funerária e é um grande tenor (o ator, Fabio Armiliato, é de fato um tenor) que só consegue atuar debaixo do chuveiro. A conexão entre sua aposentadoria e a possibilidade de agenciar um dono de funerária atormenta não apenas ele, mas é analisada pela mulher psicanalista. Roberto Benigni, é um sujeito "classe média de Roma" (como o narrador do filme, o guarda de trânsito, faz questão de frisar). De repente, do nada, vira uma celebridade, e todos querem saber desde o café da manhã até o tipo de cueca. As modelos e atrizes mais estonteantes querem estar com ele. No final do filme, en