A suíça Noelle Revaz (1968) é a autora do conto da semana. e está na BEF 2012 (e a Biblioteca já entrou na contagem regressiva para o lançamento, em outubro, da edição de 2013 da antologia organizada por Aleksandar Hemon).
Em As Crianças, que pode ser lido, em inglês, aqui, somos levados a um orfanato. A história é narrada por uma das crianças, que vivem na casa azul. Inicialmente, parece que o casal Morceau está avisando suas crianças de um pequeno e trivial atraso. Há uma greve de trabalhadores e ninguém irá vê-las. Pode ir ao jardim, mas não atravessem o portão; não comam nos quartos, se não tivermos chegado até a hora da ceia, comam o cereal. Estou abandonando vocês, e isso me faz sentir culpada. Liguem-me a cada meia hora. E partem.
Aos poucos, a real situação das crianças vai se agravando. O casal não retorna. No dia seguinte, um telefonema. É a Madame Morceau: desculpem, estamos retidos longe do orfanato. Desculpem-me... os maiores ajudam os menores; as meninas ajudam os meninos... pensamos em vocês a cada minuto...
Pondera a criança que nos narra a história: para que serve um adulto? O carteiro entrega uma carta do casal: espero que estejam bem... mandarei dinheiro... pensamos em vocês a cada minuto... cresçam, e nunca se esqueçam de que criamos vocês...
No domingo recebem um fax. Sem dúvida, estão abandonadas à própria sorte. Cresçam e não nos criem problemas. Escolham profissões adequadas... planejamos ter crianças de outro calibre... vocês não têm jeito... fizemos o possível...
Conclui a criança: neste momento entendemos que tínhamos de partir. Todos juntos. All of us together, one body, which must separate.
Uma história terrível, longe do politicamente correto. Como no história de Samanta Schweblin (no caso, com uma grávida) nem sempre o que acontece é exatamente aquilo que se esperava - ou melhor, do que os outros esperam...
Comentários
Postar um comentário