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Um recado de Frederico o Grande


Frederico, o Grande, não via nenhuma contradição entre ser um imperador e também se dedicar às artes. Pelo contrário, seu talento no verso (em francês) estava entre os atributos apropriados a um estadista do Iluminismo, soldado e cidadão do mundo. Abriu o país para refugiados religiosos de outros cantos da Europa, para aumentar a população e atrair mão de obra para o desenvolvimento econômico.

Quatro anos depois da vitória de Rossbach que valeu a Frederico o epíteto de “Grande”, o rei, já com 39 anos, retomou suas ambições literárias juvenis e compôs uma fábula poética a que deu o título de “Le conte du violon” (“O conto do violino”). Escrita rapidamente em Breslau, longe da calma e da beleza de Sanssouci, nos últimos dias de 1751, conta-nos a história de um talentoso violinista a quem se pede que toque apenas com três cordas, depois com duas, depois com uma e finalmente com nenhuma, com os resultados óbvios. A fábula termina assim:

Deste conto, se te agrada,
Recolhe um conhecimento:
Por mais que tenhas talento
Arte sem meios não basta.

Par ce conte, s’il peut vous plaires,
Apprenez, chers concitoyens
Que, malgré tout le savoir faire,
L’art reste court sans les moyens

Alberto Manguel, À mesa com o Chapeleiro Maluco. Companhia das Letras, 2009.

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