O Dom do Crime. Marco Lucchesi. Editora Record, 2010.
É sobre isso que pretendo escrever, caro doutor Schmidt: as memórias dos outros. Prometo frear o tom, mais comedido, talvez mais frio, como querem os positivistas. Um livro sem opiniões. Beirando o cinismo. Ou quase.
Machado e meus contemporâneos não terão acesso a estas páginas. Vou depositá-las na arca do sigilo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e manifesto claramente o desejo de que esse rabiscos só poderão ser abertos depois do dia 6 de novembro de 2010, quando serei um espectro, assim como as personagens deste libelo. Se houver descendentes, não meus, que respondam. Os que vagamos nestas folhas estaremos desaparecidos. Apenas a memória dos nomes. Quem há de se ofender com minhas palavras, quem há de me convocar para um duelo, depois de sopesar uma verdade sobre a qual cabem muitas dúvidas?
Aos fatos, senhores. Aos fatos. (p. 20)
É sobre isso que pretendo escrever, caro doutor Schmidt: as memórias dos outros. Prometo frear o tom, mais comedido, talvez mais frio, como querem os positivistas. Um livro sem opiniões. Beirando o cinismo. Ou quase.
Machado e meus contemporâneos não terão acesso a estas páginas. Vou depositá-las na arca do sigilo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e manifesto claramente o desejo de que esse rabiscos só poderão ser abertos depois do dia 6 de novembro de 2010, quando serei um espectro, assim como as personagens deste libelo. Se houver descendentes, não meus, que respondam. Os que vagamos nestas folhas estaremos desaparecidos. Apenas a memória dos nomes. Quem há de se ofender com minhas palavras, quem há de me convocar para um duelo, depois de sopesar uma verdade sobre a qual cabem muitas dúvidas?
Aos fatos, senhores. Aos fatos. (p. 20)
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