Salvo uma ou outra exceção, nossos ficcionistas não dão bola para nossa história colonial. É bem verdade que nas escolas a literatura começa em 1922, com exceção de Machado de Assis...
Na Antologia Pan-americana organizada por Stéphane Chao, o Brasil está representado por vários autores. Alberto Mussa e seu O rapto do fogo retornam a 1602 e à capitania de Porto Seguro. Conhecemos a história do fazendeiro Neco Dias, que perde tudo o que tem. Casou-se com dona Maria Eugênia no Mosteiro de São Bento... Depois de fracassar com o gado, resolveu montar um engenho de açúcar. Foi quando conheceu o paulista.
Era um homem alto, barbudo e sujo, nascido pelas bandas de Piratininga, que vivia metido no sertão apresando os negros da terra. Foi desse homem que recebeu os escravos, para pagar depois, com o lucro do açúcar. Mas o Neco Dias de então desconhecia aquela gente. O engenho foi praticamente destruído por uma horda de índios bravos. A família dos senhores escapou de uma chacina cruel, mas os selvagens fugiram das senzalas.
O paulista condescendeu, na ocasião, dando prazo além do contratado. Mas fez o inadimplente assinar uma cláusula em que se comprometia a entregar tudo que de seu houvesse, caso não honrasse a dívida.
Bom, é lógico que se deu mal. No conto, de pouco mais de sete páginas, o autor vai e volta - "antes" e "depois", e aos poucos temos toda a história do pobre do Neco Dias, que tragicamente fica sabendo o que o tal paulista considera "tudo que de seu houvesse": casa, roupas, e mesmo a família e o próprio nome.
Vinte anos depois, o ex-fazendeiro volta para tentar recuperar seu "tudo". Segundo o narrador, a história de Neco Dias se confunde com a lenda - a história do homem que voltara para ser Neco Dias. O final do conto dá uma ideia do ambiente em que se vivia na época. O surpreendente é o destino não de Neco, mas da família: na precária civilização que se formava, era fácil tornar-se um selvagem.
Como agredissem os colonos, roubando armas e mantimentos, foram duramente combatidos. Todavia, dizem que o paulista só morreu de velho. E não deixou descendentes.
Vinte anos depois, o ex-fazendeiro volta para tentar recuperar seu "tudo". Segundo o narrador, a história de Neco Dias se confunde com a lenda - a história do homem que voltara para ser Neco Dias. O final do conto dá uma ideia do ambiente em que se vivia na época. O surpreendente é o destino não de Neco, mas da família: na precária civilização que se formava, era fácil tornar-se um selvagem.
Como agredissem os colonos, roubando armas e mantimentos, foram duramente combatidos. Todavia, dizem que o paulista só morreu de velho. E não deixou descendentes.
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