Pensei, enquanto via as imagens a preto e branco saturadas que apareciam no pequeno ecrã de uma televisão antiga, que a memória sofre distorções incompreensíveis mesmo para aqueles que se consideram sãos (como eu me julgava então) e que essas distorções reforçam apenas o sentimento de que a vida é uma ficção escrita diariamente na qual tudo se torce e retorce de acordo com a vontade de alguém.
O conto da semana é do português João Tordo (1975) - Cidade Líquida. Integra uma série de 31 contos, disponibilizada pelo Diário de Notícias e que pode ser baixada gratuitamente, mediante prévio cadastro. Se há autores, como o próprio Tordo, que são bem conhecidos por aqui, há outros que podem chegar pela primeira vez ao leitor brasileiro, como Eduardo Madeira.
João Tordo nos apresenta ao narrador, professor de filosofia - prestes a matar Espinoza e a amaldiçoar Kant - e Roque dos Santos, diretor de cinema que se parece com George Harrison, embora o músico tivesse uma bondade no olhar completamente ausente dos olhos do realizador. E um estranhíssimo encontro com Teresa Worthless no sofá da casa de Roque. Na verdade, é uma continuação de outro conto, Águas Paradas,igualmente passado em Veneza.
Comentários
Postar um comentário