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As Pontes de Konigsberg, de David Toscana

David Toscana
As Pontes de Königsberg
Tradução: Michelle Strzoda
Casa da Palavra, 2012
250 p.

O mexicano David Toscana já teve outros romances publicados por aqui, mas este é o meu primeiro contato.

O título remete a um antigo problema, que foi solucionado por Leonhard Euler, em 1736: seria possível atravessar as sete pontes da cidade de Königsberg (atual Kaliningrado) sem repetir nenhuma? Euler demonstrou que isso é impossível. 


Os personagens de Toscana viajam no tempo e no espaço - sem sair de Monterrey, Floro, Blasco, o "polaco" (três bêbados) , Gortari e Andrea (uma professora) vão à cidade alemã, durante o cerco soviético durante a Segunda Guerra. Mas, paralelamente a isso, Gortari nos conta o desaparecimento de seis meninas - uma delas a sua irmã - que saem da escola e nunca mais são vistas, em 1945.

Para Gortari, Konigsberg surge com o desafio proposto por Andrea na escola - o mesmo problema que foi desvendado por Euler. E sobre as pontes, Gortari põe-se a pensar:

Pontes centenárias. Indestrutíveis.
Sua história devia ser muito distinta da de nossa ponte, a San Luisito, que desmoronava a cada temporada de furacões e que precisava ser reconstruída vezes seguidas.
Até que se decidisse não voltar a erguê-la.
Então também teríamos a charada da ponte de Monterrey. Como atravessar uma ponte que não existe sobre um rio inexistente?

Sobre esta única ponte de Monterrey, Gortari e Andrea se encontrarão, cada vez como se estivessem em uma das pontes de Königsberg. E Toscana não se furta a ironizar a mania dos soviéticos de trocarem os nomes de cidades pelos de seus líderes - Lenin, Stalin e Kalin - afinal, Gortari nos conta a história já nos anos 60/70.

Outra conexão está entre as meninas desaparecidas no México e a onda de estupros que assolou Königsberg - e cada cidade alemã invadida pelos soviéticos. A irmã desparecida permanece como um fantasma na casa; toda noite, a família faz reverência ao seu lugar vazio na mesa de jantar, e Gortari sempre se despede da irmã ao se deitar. Os parentes das vítimas jamais desistiram de encontrá-las, ainda que o jornal da cidade, que teve grande importância em localizar outras tantas pessoas, já tenha desistido, tornando cada vez mais raras e sintéticas as notas e anúncios de "procura-se".

Toscana já disse que as Canções das Crianças Mortas, de Mahler, foram sua inspiração, além do fato de ambas as cidades significarem "monte do rei". 


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