Pular para o conteúdo principal

Vagas Estrelas da Ursa (1965), de Luchino Visconti




Prosseguindo o meu “Festival Visconti”, assisti a Vagas Estrelas da Ursa, título extraído do verso de um poema de Giacomo Leopardi.

Sandra (Claudia Cardinale) e o marido Andrew (Michael Craig) partem para Volterra – essa viagem, de carro, logo no início do filme, é um dos seus pontos altos.  Uma viagem no tempo, passando por monumentos da civilização etrusca. Também é uma viagem ao passado de Sandra. Volterra está sendo destruída pela erosão e o tempo. Visconti tem como tema recorrente a decadência da famílias tradicionais.

Lá, Sandra e seu irmão Gianni (Jean Sorel) passaram a infância. O objetivo é a homenagem a seu pai, judeu morto em Auschwitz. Há a suspeita de que tenha sido delatado pela mulher (Marie Bell), a mãe dos irmãos, com seu então amante e agora marido Antonio Gilardini (Renzo Ricci). Em alguns momentos, a mãe se queixa do sangue judeu da filha...

Andrew irá descobrir uma relação nada cômoda entre os irmãos. A cena do encontro de ambos no jardim é bastante sugestiva.

Como em Senso, este filme também tem como elemento fundamental a música, desta vez, de Cesar Franck. 

Comentários

  1. Sorry. Falei que a musica era de S.Saens. Na verdade é de Cesar Franck. Claudia Cardinale é a heroina padrão de Visconti (ver O Leopardo) mas o filme é cruel com a beleza da musa. Naquela época os procedimentos embelezatórios para a filmagem deixavam algumas alterações de pele evidentes.

    ResponderExcluir
  2. Olá Fábio !

    Estou a catra desse filme... onde posso comprar ?

    ResponderExcluir
  3. Olá, Andrea. Realmente não sei... que eu saiba, está "não disponível" no Submarino e outros sites do gênero. Aqui em Belo Horizonte, a Videomania é a locadora com a maior coleção de DVDs de filmes europeus e de arte, e é lá que me abasteço...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O conto da semana, de Italo Calvino

O conto da semana é novamente de Calvino – Quem se contenta – e integra Um General na Biblioteca : Havia um país em que tudo era proibido. Ora, como a única coisa não-proibida era o jogo de bilharda, os súditos se reuniam em certos campos que ficavam atrás da aldeia e ali, jogando bilharda, passavam os dias. E como as proibições tinham vindo paulatinamente, sempre por motivos justificados, não havia ninguém que pudesse reclamar ou que não soubesse se adaptar. Passaram-se os anos. Um dia, os condestáveis viram que não havia mais razão para que tudo fosse proibido e enviaram mensageiros para avisar os súditos que podiam fazer o que quisessem. Os mensageiros foram àqueles lugares onde os súditos costumavam se reunir. - Saibam – anunciaram – que nada mais é proibido. Eles continuaram a jogar bilharda. - Entenderam? – os mensageiros insistiram – Vocês estão livres para fazerem o que quiserem. - Muito bem – responderam os súditos – Nós jogamos bilharda. Os mensagei

Conto da semana, de Jorge Luis Borges - Episódio do Inimigo

Voltamos a Borges. Este curto Episódio do Inimigo está no 2º volume das Obras Completas editadas pela Globo. É um bom método para se livrar de inimigos: Tantos anos fugindo e esperando e agora o inimigo estava na minha casa. Da janela o vi subir penosamente pelo áspero caminho do cerro. Ajudava-se com um bastão, com o torpe bastão em suas velhas mãos não podia ser uma arma, e sim um báculo. Custou-me perceber o que esperava: a batida fraca na porta. Fitei-o, não sem nostalgia, meus manuscritos, o rascunho interrompido e o tratado de Artemidoro sobre os gregos. Outro dia perdido, pensei. Tive de forcejar com a chave. Temi que o homem desmoronasse, mas deu alguns passos incertos, soltou o bastão, que não voltei a ver, e caiu em minha cama, rendido. Minha ansiedade o imaginara muitas vezes, mas só então notei que se parecia de modo quase fraternal, com o último retrato de Lincoln. Deviam ser quatro da tarde. Inclinei-me sobre ele para que me ouvisse. - Pensamos que os anos pa

A Magna Carta, o Rei João e Robin Hood

É claro que o rei João não se ajoelhou aos pés de Robin Hood, mas é interessante lembrar hoje, dia 15 de junho, quando a Magna Carta completa 800 anos, a ligação entre a ficção e a História, na criação do que pode ser considerado o mais importante documento da democracia. João Sem-Terra. John Lackland. Nasceu em Oxford, 1166, o quarto filho de Henrique II, o que lhe custou toda possibilidade de receber uma herança - daí seu apelido. Quando o irmão Ricardo (Coração de Leão) assume o trono, em 1189, recebe mais um golpe e, obviamente, irá fazer de tudo para tomar o poder. Em 1199, Ricardo é morto e João, finalmente, torna-se rei. Para custear as guerras, Ricardo aumentou drasticamente os impostos a um nível inédito na Inglaterra. Para piorar, ao retornar de uma Cruzada, foi feito prisioneiro dos alemães. Há quem diga que o resgate cobrado (e pago) seria equivalente a 2 bilhões de libras. Na época de João, o cofre estava vazio, mas as demandas, explodindo como n