A situação é mais compreensível se levarmos em conta que na América do Sul toda pirâmide começa a ser construída pela ponte. Quando em outro lugar se constrói uma cidade, começa-se pelas ferrovias e estradas. Depois vêm os encanamentos, a luz, os esgotos... A seguir as casas, o hospital e os edifícios públicos... por fim, talvez se pense na igreja. A construção da nova capital, Brasília, começou pela estrutura da catedral, e por enquanto não há ferrovia, e também carro é difícil chegar lá. Em outros lugares fabricam-se bicicletas, depois motocicletas, locomotivas... quem sabe um dia reatores nucleares. Aqui existe reator nuclear, mas não há fábrica de bicicletas. Assim, existe a Academia dos Imortais, todos os quarenta homens ilustres têm um fraque verde bordado em ouro e um sabre enfeitado, mas a escola primária tem problemas, porque não há professores. Não há professores em número suficiente, porque não existe escola de pedagogia, e não se podem criar escolas de pedagogia porque não há professores. E nem haverá porque os impostos não são para isso. (Vide acima). Tudo é claro e lógico.
Sándor Lénárd, O Vale do Fim do Mundo. Cosac Naify, p. 65-66
No vale do fim do mundo, deve-se ler de tras pra frente. Fica tudo dominado... E.
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