O conto da semana é do escritor irlandês Tomás Mac Siómóin (1938), Music in the Bone (Música nos ossos), que está na edição BEF 2013. Um dos momentos mais bem humorados na antologia. O narrador é um psiquiatra que, um belo dia, recebe a visita do casal X, o que irá transformar a sua vida para sempre.
Ela pede ajuda para o marido, que está tornando a vida cada vez mais insuportável. O sr. X tem uma paixão pela música que ultrapassa todos os limites. Na verdade, ele "ouve a música do próprio corpo". Ele está permanentemente regendo um concerto imaginário, pois está sempre ouvindo algo. Parte do problema está no fato de que mais ninguém ouve isso.
A sra. X está desesperada - Quando estes "concertos" começam a interferir nos... bem, nos aspectos mais íntimos de nossa vida a dois... Espero que o senhor não espere que eu forneça os detalhes! Mas, como um homem casado, o senhor saberá exatamente o que estou dizendo, ela diz, olhando para minha aliança de soslaio.
É evidente que se trata de um cliente em potencial. O narrador vê no sujeito uma grande oportunidade e, enquanto o ouve, anota em seus papeis:
esquizofrenia - caso interessante e raro
música ao invés de vozes em sua cabeça
grande artigo para a próxima convenção que irá me tornar famoso
Ao conversar com o sr. X, o médico vai percebendo a gravidade do caso. X explica que a música que ouve não se compara com nenhuma outra - Beethoven, Philip Glass, música caribenha, africana. Não há limites para as variações que posso criar apenas me concentrando nos movimentos dos meus braços.
X, afinal, passa pela terapia. Nada parece funcionar - remédios, terapia; nada consegue silenciar essa orquestra que X rege - a música que vem dos seus ossos e que mais ninguém pode ouvir. Uma Grande Sinfonia do Silêncio Total, no gramado atrás da clínica - todos chamavam X de Tchaikovsky.
E, de repente, às três horas da madrugada, o próprio médico passa a ouvir algo - a mais bela música que seus ouvidos jamais tiveram o prazer de captar. Pensa imediatamente em X - onde ele estará?
Uma curiosidade: o autor vive e trabalha na Catalunha, e escreve seus textos em gaélico. Este conto foi traduzido para o inglês pelo próprio.
E, de repente, às três horas da madrugada, o próprio médico passa a ouvir algo - a mais bela música que seus ouvidos jamais tiveram o prazer de captar. Pensa imediatamente em X - onde ele estará?
Uma curiosidade: o autor vive e trabalha na Catalunha, e escreve seus textos em gaélico. Este conto foi traduzido para o inglês pelo próprio.
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