Então Deus, cansado dos meus pecados, resolveu punir-me: enviou uma obra ao apartamento de cima. Faz alguns dias que salto da cama, apavorado, sob a orquestra de marretadas, crente que é a célula paulistana da Al-Qaeda que acaba de entrar em atividade. Deus, ao que parece, mandou trocarem o piso. Inteirinho.
Este é o início do conto Marretadas, de Antônio Prata (1977). A Words Without Borders dedica sua edição de agosto ao Brasil e este conto - melhor, esta crônica - pode ser lido aqui. O autor acerta em cheio em sua constatação de que o mundo é injusto; não se pode ouvir Wagner depois das dez da noite, mas nada impede que seu vizinho destrua seu apartamento a marretadas a partir das oito da manhã. Como vizinho de um prédio de vinte e poucos andares que acaba de ser construído, sei bem o que é isso...
No link acima, aparecem ainda as crônicas Plano, Diga trinta e três e A gostosa.
No link acima, aparecem ainda as crônicas Plano, Diga trinta e três e A gostosa.
Além de Prata, o site traz Rodrigo de Souza Leão, Carol Bensimon e Lourenço Mutarelli, sem descuidar de poesia. Vários textos são apresentados também em português - o site só publica textos escritos originariamente em outra língua que não o inglês. Stefan Tobler, que acaba de traduzir para o inglês Souza Leão e Clarice Lispector, é o editor convidado.
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