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Mostrando postagens de agosto, 2013

Conto da semana, de Ryunosuke Akutagawa

A Biblioteca vai ao Japão para trazer o conto da semana, que li pela primeira vez no Mar de Histórias.   Aqui, uma outra versão, em português. Ryunosuke Akutagawa (1892-1927) é tido como o pai do conto japonês. Este Num Bosque é mais conhecido pelos cinéfilos através da obra-prima de Kurosawa - Rashomon. Um estupro e um homicídio ocorrem no tal bosque, e o comissário de polícia toma diversos depoimentos. Cada um com sua versão - cada um com um interesse que dirige sua versão. Tajomaro, o estuprador; Massago, a vítima de Tajomaro e que afirma que não consentiu com o crime, bem como teria matado Takehiro, o marido desonrado, a pedido do próprio.  Cada depoimento é bastante convincente, e somos sempre levados a crer na veracidade dos relatos. Até que chegamos ao último - e definitivo? - depoimento... o de Takehiro.

Cidades Literárias: NY

Já este outro, no site do jornal NY Times, traz a Manhattan literária.

Cidades Literárias: Londres

Um mapa muito interessante de Londres, a partir dos personagens da literatura. Já imaginaram um mapa semelhante do Brasil?

Conto da semana, de Tomás Mac Siómóin

O conto da semana é do escritor irlandês Tomás Mac Siómóin (1938), Music in the Bone (Música nos ossos), que está na edição BEF 2013. Um dos momentos mais bem humorados na antologia. O narrador é um psiquiatra que, um belo dia, recebe a visita do casal X, o que irá transformar a sua vida para sempre. Ela pede ajuda para o marido, que está tornando a vida cada vez mais insuportável. O sr. X tem uma paixão pela música que ultrapassa todos os limites. Na verdade, ele "ouve a música do próprio corpo". Ele está permanentemente regendo um concerto imaginário, pois está sempre ouvindo algo. Parte do problema está no fato de que mais ninguém ouve isso. A sra. X está desesperada - Quando estes "concertos" começam a interferir nos... bem, nos aspectos mais íntimos de nossa vida a dois... Espero que o senhor não espere que eu forneça os detalhes! Mas, como um homem casado, o senhor saberá exatamente o que estou dizendo, ela diz, olhando para minha aliança de sosla

Como aprendi o português e outras aventuras, de Paulo Rónai

Como aprendi o português e outras aventuras Paulo Rónai Casa da Palavra/Biblioteca Nacional Já confessei certa vez o respeito que me incutem dicionários e dicionaristas. Um respeito que não está completamente isento de medo, desde que sei que Dom Casmurro, antes de ser escrito, já estava inteirinho num dicionário qualquer: bastava arrumar-lhe as palavras de determinado jeito para daí sair o grande livro de Machado de Assis. (em Utilidade das Ideias Afins, 1950). Em tudo isso, porém, as gerações novas levam vantagem às antigas: enquanto estas desperdiçavam tempo em aprender as línguas alheias, aquelas descobriram a maneira de viver muito bem sem entender sequer a própria (em As cem maneiras de estudar idiomas, 1950). Paulo Rónai (1907-1992) é um dos heróis da Biblioteca. Li muita coisa organizada e/ou traduzida por ele - Mar de Histórias, as traduções de Os meninos da rua Paulo e da Comédia Humana. Recentemente, seus textos vem sendo reeditados. Neste Como aprendi o

Conto da semana, de Isaac Babel

Fui apresentado aos contos de Babel (1894-1940) por uma edição brasileira de 1989 d' A Cavalaria Vermelha, numa tradução a partir da edição soviética em espanhol, por Roniwalter Jatobá. Babel serviu no Exército Vermelho - foi comissário político no 1º Exército de Cavalaria - a Cavalaria Vermelha - durante a guerra de 1918-1922. Estava empolgado com a Revolução, que imaginava fosse enterrar os pogroms do regime czarista e seu antissemitismo. Como se sabe, errou feio. Os contos dessa coletânea já haviam desagradado o regime stalinista (seus personagens admiravam Trotsky, e as narrativas, plenas de ironia e violência). Foi executado pelo regime e dele só se voltou a ouvir falar nos anos 1950. Seu destino, confirmado apenas após 1989. Quando os arquivos da KGB foram abertos, resgatou-se o seguinte trecho do interrogatório de Babel. Kafka não teria escrito melhor: - Você foi preso por atividades anti-soviéticas traiçoeiras. Você reconhece sua culpa? - Não. - Então

Kadare para o Nobel 2013?

Em inglês, um artigo que defende o nome de Ismail Kadaré para o Nobel de Literatura deste ano.  A autora faz um paralelo interessante entre Joseph Brodsky, para quem a única alternativa a um regime totalitário é o exílio, e Kadaré, que defendia a luta a partir do interior - tanto do regime quanto da alma.

O vale do fim do mundo, de Sándor Lénárd

O Vale do Fim do Mundo Sándor Lénárd Tradução: Paulo Schiller Cosac Naify, 2013 224p. A despeito de onde nos encontremos - ainda que seja de cabeça para baixo no universo, ainda que no Natal arda sobre nós o sol de verão -, sempre estamos no meio do mundo, o fim do mundo fica sempre à mesma distância de todos os lugares. No máximo, não somos acompanhados por tudo em nosso caminho: as catedrais góticas não deixam a Europa. As igrejas barrocas vieram até a Bahia, e lá se detiveram sob o peso de tanto ouro. A última biblioteca em cujo catálogo encontramos o nome de Erasmo de Roterdã é a de São Paulo. Em Blumenau ainda se sabe o que é uma geladeira. O último banheiro e o último anão de jardim fica em Tenente Gregório. Um harmônio chegou à igreja de Donna Irma. E por conta própria, chegamos até onde apenas o sábio não sente falta de nada, porque os antigos romanos constataram que ele "leva consigo todas as suas posses".  página 14. Jamais ouvira falar de Sándo