O conto da semana é do inglês Lee Rourke. Ele ganhou o curioso prêmio Not the Booker Prize, do The Guardian.
Catástrofe é o relato em primeira pessoa de um homem desesperado que invade um apartamento no 12º andar de um prédio que está para ser demolido. Com a crise econômica e financeira internacional, ele perdeu tudo o que tinha - o pouco que restou jogou pela janela, com exceção de uma cadeira e uma TV.
E pela TV ele assiste à cobertura do evento que está protagonizando - as breaking news do noticiário falando de um homem que está no apartamento prestes a ser explodido... a água e a eletricidade já foram cortados pela polícia.
O relato deste desesperado é o leitor - o autor do crime. Esperando pela catástrofe. Vou cair com o prédio, seu crime não irá me derrotar. Ao mesmo tempo, critica o que vem ouvindo e assistindo pela TV: que teve problemas na infância, que não foi amado pela mãe, que possui reféns etc. - todos esses clichês que já ouvimos antes. O que dirão agora? Que ele é louco?
Por incrível que possa parecer, ele mantém o ar de total controle da situação - do ponto de vista de alguém que espera sinceramente que o prédio seja detonado, após a ação de despejo. Até que uma reviravolta alterará esse "equilíbrio" - o conselho municipal e agentes da prefeitura adiam a execução... por que todos vão embora? Não posso suportar isso novamente. A catástrofe nunca acontecendo - novamente. E os crimes se repetindo. Nunca chegando ao ponto irreversível, aquele pelo qual todos estamos esperando.
É interessante a forma como o narrador, dirigindo-se para o leitor, considera como a única possibilidade de vitória o detonamento do edifício no qual se encontra, e como o adiamento da execução da ordem acaba por frustrar esta expectativa. Ele que tanto havia se preparado para esse fim...
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