No nº 12 de Ulica Slavianska, em Ruse, que dese em linha reta até o porto, há ainda junto à sacada de ferro batido um grande monograma de pedra com um C; a casa de três andares era a firma do avô de Canetti; agora é uma loja de móveis. Já o bairro dos spanioli - que outrora em Ruse eram numerosos empreendedores e um pouco exclusivistas - ainda mostra as cadas baixas no meio do verde, geralmente de um só andar. Os judeus viviam bem na Bulgária; em seu livro sobre Eichmann, Hannah Arendt relembra como a população búlgara, quando os aliados nazistas obrigaram o governo de Sofia a impor o distintivo aos judeus, manifestava sua simpatia por quem o levava e procurava geralmente dificultar ou atenuar as medidas anti-semitas.
No bairro existe ainda a casa da infância de Canetti; é o diretor dos museus da cidade, Stojan Jordanov, homem culto, afável e inteligente, quem nos leva a essa casa, na rua Gurko 13, endereço que Canetti, na sua autobiografia, evita cuidadosamente precisar.
(Claudio Magris, Danúbio. Companhia de Bolso, p. 391)
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