Pular para o conteúdo principal

Buenos Aires

Dia 5 a Biblioteca comemorou um ano de existência, em Buenos Aires. E em grande estilo: visitamos o Templo - El Ateneo Grand Splendid, na Avenida Santa Fe com Callao. Eu já conhecia a sede, na Florida, agora ofuscada por este portento que está em todas as listas das livrarias mais bonitas do mundo.


Às sete e meia da noite, estava lotada, como todas as demais livrarias menores e as ruas. É algo que perdemos para sempre por estas paragens: optamos pelo modelo dos shoppings centers que esvaziam o comércio de rua - e a cidade como um todo, que se torna bem mais insegura. No final das contas, não admiramos cidades como Buenos Aires, Paris, Londres ou Nova York apenas pelas suas atrações especiais, mas sim pelo "kit básico": poder andar pelas ruas, praças e parques com prazer e tranquilidade, a qualquer hora do dia - dentro de um mínimo de bom senso, é claro - jantar em um restaurante de rua a dez quarteirões de distância e voltar caminhando com outras centenas de pessoas às dez horas da noite.

No Templo, os Escolhidos:

Toda la verdad, Juan José Becerra, Seix Barral
Bahia Blanca, Martin Kohan, Anagrama
Un Hombre Llamado Lobo, Oliverio Coelho, Duomo
El otro lado, Jorge Consiglio, Edhasa

E a edição de abril da revista Los Inrockuptibles, que é um achado. Talvez o mais próximo que tenhamos aqui seja a Bravo dos velhos tempos. A maior parte do pessoal acima escreve ou, em algum momento, escreveu para ela.


Ficamos na Recoleta, no Hotel Chateau Blend, na José León Pagano, perto da calle Austria e da Biblioteca Nacional (um monstrengo que foi concluído em 1993; Borges trabalhou na antiga sede, na calle Mexico, e foi ele quem iniciou os projetos para a mudança).

Comentários

  1. Christianne Bensoussan9 de abril de 2012 às 22:02

    Viagem incrível, hotel maravilhoso, Ateneo mais bonita e interessante impossível!! Adoramos tudo!!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O conto da semana, de Italo Calvino

O conto da semana é novamente de Calvino – Quem se contenta – e integra Um General na Biblioteca : Havia um país em que tudo era proibido. Ora, como a única coisa não-proibida era o jogo de bilharda, os súditos se reuniam em certos campos que ficavam atrás da aldeia e ali, jogando bilharda, passavam os dias. E como as proibições tinham vindo paulatinamente, sempre por motivos justificados, não havia ninguém que pudesse reclamar ou que não soubesse se adaptar. Passaram-se os anos. Um dia, os condestáveis viram que não havia mais razão para que tudo fosse proibido e enviaram mensageiros para avisar os súditos que podiam fazer o que quisessem. Os mensageiros foram àqueles lugares onde os súditos costumavam se reunir. - Saibam – anunciaram – que nada mais é proibido. Eles continuaram a jogar bilharda. - Entenderam? – os mensageiros insistiram – Vocês estão livres para fazerem o que quiserem. - Muito bem – responderam os súditos – Nós jogamos bilharda. Os mensagei

Conto da semana, de Jorge Luis Borges - Episódio do Inimigo

Voltamos a Borges. Este curto Episódio do Inimigo está no 2º volume das Obras Completas editadas pela Globo. É um bom método para se livrar de inimigos: Tantos anos fugindo e esperando e agora o inimigo estava na minha casa. Da janela o vi subir penosamente pelo áspero caminho do cerro. Ajudava-se com um bastão, com o torpe bastão em suas velhas mãos não podia ser uma arma, e sim um báculo. Custou-me perceber o que esperava: a batida fraca na porta. Fitei-o, não sem nostalgia, meus manuscritos, o rascunho interrompido e o tratado de Artemidoro sobre os gregos. Outro dia perdido, pensei. Tive de forcejar com a chave. Temi que o homem desmoronasse, mas deu alguns passos incertos, soltou o bastão, que não voltei a ver, e caiu em minha cama, rendido. Minha ansiedade o imaginara muitas vezes, mas só então notei que se parecia de modo quase fraternal, com o último retrato de Lincoln. Deviam ser quatro da tarde. Inclinei-me sobre ele para que me ouvisse. - Pensamos que os anos pa

A Magna Carta, o Rei João e Robin Hood

É claro que o rei João não se ajoelhou aos pés de Robin Hood, mas é interessante lembrar hoje, dia 15 de junho, quando a Magna Carta completa 800 anos, a ligação entre a ficção e a História, na criação do que pode ser considerado o mais importante documento da democracia. João Sem-Terra. John Lackland. Nasceu em Oxford, 1166, o quarto filho de Henrique II, o que lhe custou toda possibilidade de receber uma herança - daí seu apelido. Quando o irmão Ricardo (Coração de Leão) assume o trono, em 1189, recebe mais um golpe e, obviamente, irá fazer de tudo para tomar o poder. Em 1199, Ricardo é morto e João, finalmente, torna-se rei. Para custear as guerras, Ricardo aumentou drasticamente os impostos a um nível inédito na Inglaterra. Para piorar, ao retornar de uma Cruzada, foi feito prisioneiro dos alemães. Há quem diga que o resgate cobrado (e pago) seria equivalente a 2 bilhões de libras. Na época de João, o cofre estava vazio, mas as demandas, explodindo como n