E chego ao fim
daquela que, para Daniel Piza, é a maior epopeia escrita desde a Odisseia... O
Epílogo é dividido em duas partes: na primeira, sabemos que Natasha e Pierre se
casaram em 1813, mesmo ano da morte do conde Rostov, que implora o perdão da
família pela ruína econômica. Nikolai aceita a herança do conde; no outono de
1814, casa-se com Mária.
Anos depois, Natasha
está fisicamente irreconhecível; mãe de quatro filhos e totalmente devotada a
eles e a Pierre. O extremo oposto da Natasha que nos foi apresentada no início
do romance.
O filho de Andrei,
Nikolienka, agora tem 15 anos e venera Pierre. Vive agora com Nikolai, que
pagou todas as dívidas do velho conde e agora prospera. E é justamente
Nikolienka quem encerra a primeira parte (e, a rigor, o romance): “E o tio Pierre! Ah, que homem incrível! E o
pai? O pai! O pai! Sim, eu farei coisas que até ele iria admirar...”. A
rigor, estas são as últimas frases do romance. E os personagens ficam para
sempre na cabeça dos leitores.
A segunda parte é
mais um ensaio sobre as teorias de Tolstoi a respeito da História. Lenin
aproveitaria muito destas linhas para afirmar que o autor era um
pré-revolucionário – “o espelho da Revolução Russa”, teria dito em 1908.
Assim, é com imenso
prazer e orgulho que posso dizer ter traçado
as 2.528 páginas da bela e acessível edição da Cosac Naify, a primeira com
tradução direta do russo (Rubens Figueiredo) ao longo de cerca de dois meses e
meio – com uma hérnia no meio. Dá vontade de encomendar uma salva de canhões
como a de Tchaikovski... O texto em português em momento algum se torna
cansativo e imagino que a tradução tenha resgatado para os brasileiros o ritmo envolvente
que o original apresentou aos russos.
Na FLIP de alguns anos atrás, Peter Burke disse
não imaginar as pessoas lendo, no futuro, Guerra e Paz e suas mais de 1000
páginas; que o clássico não resistirá ao tempo e que as pessoas vão ler coisas
mais leves e simples nos Kindles da vida. Espero que seja daquelas previsões
como a de que o cinema acabaria com o teatro, e que a TV dizimaria o cinema...
Comentários
Postar um comentário