Uma hérnia de disco
inesperada e uma semana de molho, e lá se foram as quase 700 páginas do Livro
3, que tem seu ápice na Batalha de Borodino. Tolstoi também fala de suas teorias sobre a História:
Se dependia
da vontade de Napoleão oferecer a batalha ou não e se dependia da sua vontade
dar uma ordem ou outra qualquer, então é evidente que um resfriado, capaz de
influenciar a manifestação da sua vontade, podia ser a causa da salvação da
Rússia e, portanto, o camareiro que no dia 24 esqueceu de dar a Napoleão as
botas impermeáveis foi o salvador da Rússia. Nessa linha de raciocínio, tal conclusão
é indiscutível – tão indiscutível quanto a conclusão que, de zombaria (sem que
ele mesmo soubesse de que estava zombando), fez Voltaire ao dizer que o
massacre da noite de São Bartolomeu ocorreu por causa de uma indigestão de
Carlos IX. Mas, para as pessoas que não admitem que a Rússia tenha sido formada
pela vontade de um só homem – Pedro I – nem que o império francês tenha se
constituído e a guerra contra a Rússia tenha tido início pela vontade de um só
homem – Napoleão – tal raciocínio não só parece equivocado e absurdo, como também
contrário a toda essência humana.
A batalha é encenada todos os anos e, no próximo setembro, completará 200 anos.
Apesar disso, a
maioria dos historiadores considera que os franceses foram os vitoriosos. E de
lá, partiram para Moscou, a capital asiática tão cobiçada e idealizada por Napoleão.
No livro, Kutuzov
reaparece e desta vez, se redime da surra de Austerlitz. A descrição tão esmerada
do conflito mostra toda a dedicação e a pesquisa empreendida por Tolstoi. Boa parte do Livro se dedica aos detalhes do teatro de guerra.
Sobre Napoleão,
ainda, Pierre faz uma série de raciocínios e contas, e chega à conclusão de que
se trata do Anticristo (666). O velho príncipe Bolkonski, pai de Mária e André,
morre. Pierre, por sua vez, está determinado a matar Napoleão, e se passará por
um camponês para alcançar seu objetivo.
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