Ler Albert Camus é, para quem está estudando francês, uma oportunidade de ler no original um autor moderno, com uma linguagem mais próxima daquela usada hoje. E é, também, uma oportunidade de ler um dos clássicos do século XX.
Camus (1913-1960) nasceu na Argélia e ganhou o Nobel de Literatura de 1957 (como um autor francês “não-metropolitano”, de acordo com a Academia Sueca).
É um livro conciso (a edição brasileira da Record tem cerca de 130 páginas); seus personagens não são muito desenvolvidos e são, acima de tudo, pessoas comuns. O enredo é conhecido até por quem não o leu. Mersault, o personagem central, é um indiferente: foi assim que recebeu a notícia da morte de sua mãe; foi assim que foi ao cinema logo depois do enterro e mesmo quando comete o assassinato de um árabe. Sua condenação também não o altera. Ele não tem nenhuma vontade ou ambição – ele até aceita se casar, já que faria Marie feliz - mas simplesmente assiste ao passar dos dias...
Sua condenação se dá muito mais (quase exclusivamente) pela sua indiferença chocante em relação à mãe do que pelo assassinato em si. Ele não chorou a morte da mãe, é um estranho dentro da sociedade. Como muitos afirmam, ele é condenado por não seguir as regras do jogo – nossa sociedade.
Uma versão para o cinema foi dirigida por Visconti, com Mastroiani no papel de Mersault. A escolha do ator foi criticada na época por não parecer adequada ao personagem. Luiz Carlos Merten fala que a preferência de Visconti era por Alain Delon, bem como a transposição da história para a década de 60, algo que a viúva de Camus não admitiu.
Sobre Camus, ainda, acaba de sair na imprensa uma tese de que sua morte não teria sido acidental. A suspeita recai sobre a KGB, diante das críticas que o autor fez à União Soviética, como pode ser lido na página do jornal The Guardian.
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