Quando a conheci, me decepcionei. Não queria falar de literatura, muito menos de sua obra; apenas aventurava algum juízo sobre algum livro que havia lido, mas raramente sobre um contemporâneo. Por outro lado, me dei conta de que observava cada detalhe da gente que nos cercava, os gestos que eu fazia, alguma particularidade do café em que estávamos. Em um dos seus melhores contos, Material, uma escritora sentada junto ao leito de um hospital em que sua mãe está agonizando não pode evitar de pensar em como utilizará esta cena em um conto. Imagino que para Alice Munro, assim é a vida: um exercício de observação da resignação, da angústia, da felicidade, da dor dos outros e dela mesma, para depois oferecer aos seus leitores estas pequenas obras-primas em que todos os nossos mundos estão refletidos.
Alberto Manguel sobre Alice Munro. O artigo, em espanhol, foi publicado no jornal El País, e pode ser lido aqui.
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