O português Mário de Carvalho (1944) é bem conhecido pelo leitor brasileiro. Li seu romance Um Deus passeando pela brisa da tarde, passado numa cidade romana na Lusitânia no século II d. C. Lúcio Valerius Quíncius é um magistrado romano às voltas com a rebelião promovida pela Congregação do Peixe. É Roma em seus últimos momentos pagãos. E, na minha opinião, um romance muito bom.
Mas o autor também escreve contos; da série publicada pelo Diário de Notícias, vem este A Porrada, que pode ser lido aqui (mediante cadastro, gratuito).
Nesta brevíssima narrativa, aborda o tema da violência. Não aquela oriunda da pobreza ou dos imprevistos do dia; não aquela com alguma justificativa nobre ou não. Uma família bem estruturada em Portugal, mas com uma peculiaridade: Gonçalo frequenta um fight club - sua mulher, Mafalda, já está farta de vê-lo arrebentado todas as noites. Por outro lado, ele é violento também em casa - como quando insiste que ela o trate por tu, e não você.
Violência - doméstica ou não. Mas para quem conhece a prosa de Mário de Carvalho, este conto pareceu-me uma esquete, um ensaio de um conto que talvez não tenha sido escrito.
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