1565: enquanto o Brasil nascia
Pedro Doria
Editora Nova Fronteira
280 p.
Por que o Rio de Janeiro foi fundado? Como se desenvolveu?
A ideia de Pedro Doria é que Rio e São Paulo, por mais diferentes que pareçam, devem sua existência uma à outra. Trata-se de uma história do "Brasil sul", aquele abaixo de Salvador.
O Rio foi comandado pela família Sá: Mem, Estácio, Salvador, Martim e Salvador (o moço); quatro gerações de uma mesma família. E Pedro Doria enxerga nesse início de vida muito do que viria a caracterizar a cidade - para o bem e para o mal. A Casa de Pedra - Cari Oca, ou Casa de Branco, como chamavam os índios, no Flamengo (na verdade, a vilazinha Henriville, fundada pelos franceses). Da mesma forma, lemos sobre a mudança da cidade, da Urca (Vila Velha, entre o Cara de Cão e o Pão de Açúcar) para a Nova, no Morro do Castelo - aquele que séculos mais tarde seria posto abaixo.
Por que morro do Castelo? E o que tem a ver com isso a primeira mulher de Salvador, Inês de Sousa?
Uma série de personagens desfilam nestas páginas: Manuel da Nóbrega (para Doria, o patrono político do Rio), os Sá, João Ramalho, Villegagnon, Hans Staden, Antonio Salema... Ou o artilheiro João Pereira de Sousa, por estas bandas fugindo de dívidas e recrutado por Estácio, e que ocupava o posto no canhão - daí o nome do local onde servia: Botafogo.
Doria diz que seu trabalho é de jornalista - aliás, o livro é de leitura extremamente leve e agradável, com boa indicação bibliográfica - e que não traz nenhuma novidade ou teoria própria. Mas o leitor certamente irá descobrir uma história há muito soterrada da cidade.
P.S.: nestes tempos agitados, um fato curioso: a revolta carioca conhecida como Bernarda. Não uma revolução separatista - em 1660, o governo falido, epidemias que eliminaram boa parte da mão de obra, navios atrasados, comércio estagnado - e eis que a solução encontrada foi a criação de um imposto predial de emergência... deu no que deu - e surge o líder Jerônimo Barbalho Bezerra, filho de um heroi da resistência contra os holandeses na Bahia. Após muita confusão, o movimento foi contido, e o Jerônimo, obviamente, termina sem sua cabeça, executado no largo do Polé (Praça XV). Um precursor de Tiradentes...
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