Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, sem dúvida, o livro. Os demais são extensões de seu corpo. O microscópio, o telescópio são extensões de sua visão; o telefone é a extensão de sua voz; em seguida, temos o arado e a espada, extensões do seu braço. O livro, porém, é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.
(...)
Fala-se do desaparecimento do livro. Creio que isto é impossível. Dir-se-á: que diferença pode haver entre um livro e um jornal ou um disco? A diferença é que um jornal é lido para ser esquecido; um disco é ouvido, também, para o esquecimento, é algo mecânico e, portanto, fútil. O livro é lido para ficar na memória.
Jorge Luis Borges (quem mais?) - Obras Completas, volume IV, Editora Globo, 1999.
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