O conto da semana vem da Best European Fiction deste ano. Gyrdir Elíasson já apareceu por aqui, revisitando o clássico Farenheit 451 de Ray Bradbury.
Desta vez, uma bela e surreal história (A Loja de Música). Todos nos lembramos de autores como Borges, que escreveu contos e "ensaios" sobre livros que jamais existiram fora de sua mente. Elíasson segue esta linha, mas o narrador, que caminhava por uma rua cuja existência até então ignorava, encontra uma curiosa loja - Alladin's Music Store. Uma loja com CDs tão interessantes como o da 11ª Sinfonia de Beethoven - eu tinha certeza que ele jamais havia composto isso, mas aqui estava, numa bela edição alemã.
Ou um CD do cantor de blues e guitarrista americano Mississipi John Hurt (que morreu em 1966) cantando Neil Young, algo muito improvável... apesar de saber perfeitamente que ele jamais tocou essas canções, e que Neil Young provavelmente nunca sequer as compôs - pelo menos não que eu soubesse.
É claro que o narrador fica encantado com a loja - lembrei-me da Modern Sound de Copacabana, talvez a maior referência do carioca em música clássica e moderna e que funcionou entre 1966 e 2010, até sucumbir aos downloads. Foi a nossa Tower Records por mais de quarenta anos. Se você não encontrasse o que quisesse por lá, o melhor a fazer era desistir.
É uma boa loja, diz o narrador (e eu digo: foi uma bela loja aquela de Copacabana). Mas nada compra. A vendedora avisa que não poderá reservar-lhe nenhum título. Conseguirá nosso narrador voltar lá um dia?
Boa lembrança sobre a Modern Sound. Gastei muito dinheiro por lá... Hoje virou uma loja de departamentos ou coisa parecida, uma pena.
ResponderExcluirSó quero saber se o comentário chegou. Se não, faça-me saber. Acselrad
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