O conto da semana pode ser lido na última edição da Revista Kalinka. É A Despedida, do russo Leonid Dobytchin (1894-1936), da chamada geração de 1920 (ao lado de Daniil Harms, por exemplo):
O inverno estava terminando. Às seis horas, já estava claro. Ao abrir os olhos, Kunst viu as rachaduras do teto, que formavam uma saia e pés tortos em sapatos com duas orelhinhas. Do outro lado da parede, a acompanhante de enfermos já arrastava seus sapatos sem calcanhares e acordava o ferido. A senhora bateu à porta e trouxe a chaleira. - Que indecência - disse ela e apontou a parede com a cabeça. Então se calou para tentar ouvir e riu. Kunst enrubesceu. (...)
Na história, são citados ou lidos três jornais - um liberal, um bolchevique e outro conservador. Uma boa amostra da situação - todos foram fechados em 1917... Os contos do autor não contêm propriamente uma ação; seriam mais cenas da vida cotidiana. Nesta Despedida, os funcionários recebem bonificações (artigos de alimentação) e, dois dias depois, descobrem que as bonificações serão descontadas...
Dobytchin faz parte de um grupo de autores que somente vem sendo (re)descoberto nos últimos 20 anos. Foi um "Inimigo da Pátria", e desapareceu para sempre no dia seguinte desta imputação.
Dobytchin faz parte de um grupo de autores que somente vem sendo (re)descoberto nos últimos 20 anos. Foi um "Inimigo da Pátria", e desapareceu para sempre no dia seguinte desta imputação.
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