Do Poesia Ilimitada, um poema do holandês Mark Boog (1970). A tradução é de Maria Leonor Raven-Gomes.
TEMPO
Não conseguimos enxergar onde estamos, mas sobre
esse assunto lemos livros - helicópteros que não levantam voo.
Podemos modificar o tempo: por palavras, em nada, no presente,
nas nossas cabeças. Tempo, leitor, é teoria que nos suporta.
Desapareceram palavras onde nós estávamos, brancas figuras
humanas na fita preta da máquina de escrever. Marcados,
continuamos.
Rastejando pelos montes do tempo que nos impedem a vista,
enferrujando nos sifões do tempo: sumiram-se palavras!
A fita, a paisagem, a máquina: desfiguramo-las.
Resta-nos o prazer da serrazina, o descanso do marcado a ferro
e a monumental fuga em metáforas, em lúcida incompreensão.
TEMPO
Não conseguimos enxergar onde estamos, mas sobre
esse assunto lemos livros - helicópteros que não levantam voo.
Podemos modificar o tempo: por palavras, em nada, no presente,
nas nossas cabeças. Tempo, leitor, é teoria que nos suporta.
Desapareceram palavras onde nós estávamos, brancas figuras
humanas na fita preta da máquina de escrever. Marcados,
continuamos.
Rastejando pelos montes do tempo que nos impedem a vista,
enferrujando nos sifões do tempo: sumiram-se palavras!
A fita, a paisagem, a máquina: desfiguramo-las.
Resta-nos o prazer da serrazina, o descanso do marcado a ferro
e a monumental fuga em metáforas, em lúcida incompreensão.
Uma escrita rigorosa aliada a criação de imagens fortíssimas e sobretudo originais e que tem tudo a ver com os tempos em que vivemos.
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