André Jurieux (Roland Toutain) é um aviador que acaba de bater um recorde de travessia atlântica, ainda que quase dez anos depois de Linderbergh; ao ser entrevistado, a primeira coisa que diz é que nada daquilo valeu a pena – Christine não estava lá para recebê-lo.
O problema é que Christine (Nora Gregor) é a esposa do Marquês de la Cheyniest (Marcel Dario). Não que seja uma surpresa para o marquês – o casal está em casa, ouvindo a cobertura da chegada de André pelo radio e isso fica bem claro – de forma jocosa, inclusive.
Octave (o próprio Renoir) é o melhor amigo de André, e também disputa Christine - tem a grande vantagem de flanar habilmente entre a criadagem e os patrões. É, na verdade, o grande personagem do filme...
O marquês resolve convidar ilustres membros da sociedade para um fim de semana de caça – e obviamente convida André. E a partir daí o filme se mostra pesadamente crítico em relação à sociedade francesa (não à toa, foi proibido pela censura militar francesa – a guerra começou apenas alguns meses depois – e pelos nazistas durante a ocupação). Na propriedade do casal, La Colinière, com a guerra já batendo às portas da França, os convidados se divertem caçando lebres e faisões.
Na bela casa, os convidados não poderiam ser mais promíscuos; os criados vivem num mundo à parte – Lisette, por exemplo, não consegue se separar de Christine. Esta, ao resolver abandonar o marido, não consegue se decidir entre André e Octave. As tensões crescem ao longo dos 110 minutos de duração, e por fim temos o desfecho trágico de André...
Em 2001, Robert Altman homenageou o filme e o diretor, com seu Assassinato em Gosford Park – apesar do título em português, fiel ao original: o assassinato em questão não é o tema central de nenhum dos dois – mas sim a crítica à sociedade da época (na verdade, de todas as épocas).
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