Cresci em Nova York, que tem mais Vermeers (oito) do que qualquer outra cidade no mundo. Do que qualquer país (há apenas sete na Holanda). Eu nunca vivi numa cidade sem um Vermeer.
É assim que termina o poema Why I love Vermeer, do americano Lloyd Schwartz. E, assim sendo, seu museu favorito em NY é a Frick Collection, na 5ª Avenida com 70, que possui em seu acervo três Vermeers.
Considerado um dos melhores museus pequenos do mundo, a Frick vale a visita mas, como ocorre na Morgan Library, passa despercebida e esnobada pela turba de turistas. Melhor assim. Além de Vermeer, encontramos Rembrandt, Van Dycks, Goyas. Há uma sala para Fragonard. Os italianos da Renascença, como Giovanni Bellini, são aquisições de sua filha (ele não gostava). Frick apreciava também os ingleses Turner e Constable.
Henry Clay Frick (1849-1919) não era um sujeito fácil. Foi considerado o homem mais odiado da América, devido ao seu notório antissindicalismo e sua participação na repressão a diversas greves (resultando em 10 mortes em 1892). Foi o episódio da aciaria de Carnegie, na cidade de Homestead. Frick era o gerente de sua fábrica. John Micklethwaith e Adrian Wooldridge contam a história em Companhia: breve história de uma idéia revolucionária.
Andrew Carnegie reduziu os salários dos seus empregados, o que, obviamente, resultou em greve. Frick construiu um muro em torno da usina, com arame farpado, holofotes móveis e fendas para 200 rifles. Contratou 30o homens da agência Pinkerton de detetives - que se renderam em uma batalha que já havia resultado em 16 mortes. Mas o governador mandou 8 mil soldados; Frick infiltrou entre os fura-greve negros, rejeitados pelos sindicatos, e a greve foi esmagada.
Mas Frick gostava mesmo era de Vermeer.
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