Pouquíssimo lembrado, o curto romance Uma estreia na vida merece uma leitura mais cuidadosa. Oscar Husson é um homem comum, manso, sem pretensões, modesto e sempre se mantendo, como o seu governo, num justo meio. Não causa nem inveja nem desdém. É, enfim, o burguês moderno.
Oscar é detestável: pobre com vergonha da mãe, procura fazer carreira, mas tem uma inacreditável habilidade de falar e fazer besteira, que sempre coloca tudo a perder.
Boa parte da narrativa se passa nos coucous, modalidade de transporte ainda explorada por particulares na França. Balzac, aliás, inicia seu romance falando que isso logo fará parte dos "velhos tempos":
As estradas de ferro, num futuro já agora não muito distante, deverão fazer desaparecer certas indústrias, modificar algumas outras, principalmente as que concernem aos vários modos do transporte em uso nos arredores de Paris. Também, breve, as pessoas e as coisas que forma os elementos desta cena lhe darão o mérito de um trabalho arqueológico.
Pierrotin é um dos transportadores. Faz a rota Paris - Val-d'Oise; o senador, conde de Sérisy, viaja incógnito, desconfiado de seu administrador Moreau. Nessa mesma diligência, Oscar, recomendado pela mãe a Moreau. E, para completar, dois outros viajantes. José Bridau aparece aqui mais uma vez - amigo íntimo de Hipólito Schinner (A bolsa) e e testemunha do casamento de Luísa de Chalieu com Maria-Gastão (Memórias de duas jovens esposas).
Ignorado, por que razão deveria Uma estreia na vida despertar o interesse em pleno século 21?
Em primeiro lugar, a insegurança, a vaidade e a mediocridade de Oscar: cai em desgraça não uma, mas duas vezes. E, além disso, a presença de personagens dúbios: Moreau dilapida seu patrão o conde, mas ajuda sinceramente a sra. Clapard e seu filho Oscar; Desroches, um grande advogado, é implacável com o mesmo Oscar. Como diz Rónai na apresentação, em cada um deles encontraremos essa incoerência orgânica que é a prova mais inequívoca da vida real.
Atenção com Desroches: assim como Oscar na vida, faz sua estréia na Comédia, onde irá aparecer em diversos momentos, como em Coronel Chabert. O mais astuto dos advogados parisienses. A vida nova vida de Oscar no escritório da rua de Béthisy, no antro da chicana, é descrita por Cardot:
ele jantará conosco e se alojará na pequena mansarda ao lado do seu quarto; o senhor lhe medirá o tempo necessário para ir daqui à Escola de Direito e de lá voltar, de modo que ele não perca cinco minutos; tratará de fazer com que ele aprenda o Código e se torne forte nas suas aulas, isto é, que quando tiver terminado seus trabalhos no escritório, o senhor lhe dará tratadistas para ler; finalmente, deve ele ficar sob sua imediata direção, e eu olharei por isso.
Oscar é detestável: pobre com vergonha da mãe, procura fazer carreira, mas tem uma inacreditável habilidade de falar e fazer besteira, que sempre coloca tudo a perder.
Boa parte da narrativa se passa nos coucous, modalidade de transporte ainda explorada por particulares na França. Balzac, aliás, inicia seu romance falando que isso logo fará parte dos "velhos tempos":
As estradas de ferro, num futuro já agora não muito distante, deverão fazer desaparecer certas indústrias, modificar algumas outras, principalmente as que concernem aos vários modos do transporte em uso nos arredores de Paris. Também, breve, as pessoas e as coisas que forma os elementos desta cena lhe darão o mérito de um trabalho arqueológico.
Pierrotin é um dos transportadores. Faz a rota Paris - Val-d'Oise; o senador, conde de Sérisy, viaja incógnito, desconfiado de seu administrador Moreau. Nessa mesma diligência, Oscar, recomendado pela mãe a Moreau. E, para completar, dois outros viajantes. José Bridau aparece aqui mais uma vez - amigo íntimo de Hipólito Schinner (A bolsa) e e testemunha do casamento de Luísa de Chalieu com Maria-Gastão (Memórias de duas jovens esposas).
Ignorado, por que razão deveria Uma estreia na vida despertar o interesse em pleno século 21?
Em primeiro lugar, a insegurança, a vaidade e a mediocridade de Oscar: cai em desgraça não uma, mas duas vezes. E, além disso, a presença de personagens dúbios: Moreau dilapida seu patrão o conde, mas ajuda sinceramente a sra. Clapard e seu filho Oscar; Desroches, um grande advogado, é implacável com o mesmo Oscar. Como diz Rónai na apresentação, em cada um deles encontraremos essa incoerência orgânica que é a prova mais inequívoca da vida real.
Atenção com Desroches: assim como Oscar na vida, faz sua estréia na Comédia, onde irá aparecer em diversos momentos, como em Coronel Chabert. O mais astuto dos advogados parisienses. A vida nova vida de Oscar no escritório da rua de Béthisy, no antro da chicana, é descrita por Cardot:
ele jantará conosco e se alojará na pequena mansarda ao lado do seu quarto; o senhor lhe medirá o tempo necessário para ir daqui à Escola de Direito e de lá voltar, de modo que ele não perca cinco minutos; tratará de fazer com que ele aprenda o Código e se torne forte nas suas aulas, isto é, que quando tiver terminado seus trabalhos no escritório, o senhor lhe dará tratadistas para ler; finalmente, deve ele ficar sob sua imediata direção, e eu olharei por isso.
Oscar, diga-se, dedicava-se bastante aos estudos, lia o Código (o Civil, Napoleão), às vezes ia ao Palácio da Justiça e ajudava o terrível e implacável Godeschal.
Uma segunda ocorrência lhe fechará mais uma vez as portas do sucesso, e Oscar, depois de anos no Exército e até então uma quase nulidade social, acaba como coronel, agora um herói na Argélia.
Uma segunda ocorrência lhe fechará mais uma vez as portas do sucesso, e Oscar, depois de anos no Exército e até então uma quase nulidade social, acaba como coronel, agora um herói na Argélia.
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