Louis Zamperini tinha tudo para se tornar um marginal; vai às Olimpíadas de Berlim (1936) e não ganha nada - ainda que com um desempenho sensacional na última volta dos 5 mil metros tenha se tornado famoso; cai de avião no Pacífico e é capturado, depois de mais de 40 dias à deriva, pelos japoneses. E, o mais incrível, tudo isso de fato ocorreu.
Invencível (Unbroken), de Angelina Jolie (e, entre os roteiristas, os irmãos Coen!), começa muito bem com cenas cuidadosas de batalhas aéreas (e como funcionavam os caças daquela época) e vamos conhecendo a vida de Zamperini - interpretado por Jack O'Connell - aos poucos - de garoto problemático a atleta que, em Berlim, sonhava com sua garantida participação nos Jogos de 1940 (que seriam, ironicamente, em Tóquio). A fotografia, um dos pontos fortes, deu-lhe uma das três indicações ao Oscar de 2015.
O filme se baseou no livro de mesmo nome escrito por Laura Hillenbrand. Quem o leu - não é o meu caso - reconhece que, se algumas cenas foram exageradas, não o foram mais do que o próprio texto...
Se a abertura é realmente muito bem feita, os críticos de Angelina não perdoaram uma das últimas, onde Louis carrega uma tora de madeira como um Cristo. Aliás, Louis havia prometido, em alto-mar, se dedicar a Deus caso fossem salvos. E eis que surgem japoneses. Isso sim é prova de fé.
Capturado, passa o diabo nas mãos do sádico e esquisitão cabo Watanabe (o cantor japonês Myiavi) em campos de trabalhos forçados. Um momento merece a atenção do espectador: a guerra de propaganda. Os japoneses identificam o atleta olímpico e lhe oferecem uma oportunidade de se comunicar, pela rádio, com sua família. O programa, transmitido nos EUA, surpreendeu os americanos, já que Louis era dado como morto. Evidentemente, isso tinha um preço - outras manifestações radiofônicas, criticando a América. Ele se recusa - e volta ao campo - mas o filme mostra militares americanos venais que frequentavam restaurantes em Tóquio.
A obra se encerra com o Zamperini real; aos oitenta, carregou a tocha olímpica; em 2014, morreu, aos 97 anos. Watanabe nunca quis reencontrá-lo. Procurado pelos americanos, conseguiu se esconder de todos, ressurgindo após o término da ocupação. Nunca foi preso ou processado.
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