A primeira história do mundo
Alberto Mussa
Record, 240p.
Na época do crime, o Rio de Janeiro acabava de ser transferido do istmo entre o Cara de Cão e o Pão de Açúcar para o cume do morro que seria o do Castelo. E a região da Carioca, então desabitada, se interpunha exatamente entre esses polos, isolando a cidade velha.
Alberto Mussa aproveita-se de um fato - o "primeiro homicídio" da cidade do Rio de Janeiro, ocorrido em 1567 (dois anos, portanto, após a fundação). O serralheiro Francisco da Costa é encontrado morto, com sete flechas nas costas. A vítima era casada com a mameluca Jerônima Rodrigues.
A partir daí, Mussa mergulha na história da cidade - então com 400 habitantes, quase todos homens, em meio a milhares de índios (sem falar dos franceses). Três ruas. Uma selva fechada. A rigor, uma cidade, digamos, bastante improvável de engrenar.Uma cidade com apenas três ruas; que em 1567 vivia a iminência da guerra.
Francisco da Costa foi assassinado em frente à Casa de Pedra; a Casa de Pedra escondia o mapa de Lourenço Cão; o mapa de Lourenço Cão assinalava uma grande lagoa; a grande lagoa era habitada por mulheres sem marido; mulheres sem marido aprisionaram Jerônima Rodrigues; Jerônima Rodrigues era casada com Francisco da Costa.
A história colonial sempre me interessou, e são poucos os trabalhos de ficção a ela dedicados. Mussa preenche essa lacuna. Ao mesmo tempo em que escreve um romance policial, ao tratar dos principais personagens (nove suspeitos, de acordo com os registros do procedimento judicial) acaba por desvendar muito do que se passava na cabeça dos habitantes da época. Sim, pelas cabeças: há a revelação de mitos indígenas (o melhor do livro, diga-se) que invariavelmente invadiram a cabeça dos portugueses que por aqui se instalaram. E entendemos o real sentido do canibalismo praticado pelos nativos:
Os cristãos nunca entenderam essa verdade simples: que - para um tupi - matar e comer um inimigo era, antes de tudo, um ato de suprema piedade.
Mussa faz uma grande sacada ao associar os suspeitos aos círculos de inferno de Dante - estão no Inferno todos os criminosos, passados e futuros; estão estabelecidos e catalogados todos os crimes possíveis. E parte para associar o caso do serralheiro a diversas obras clássicas do romance policial - de Poe a Agatha Christie.
A cidade está para completar 450 anos, motivo para explorar o que temos de literatura disponível sobre o tema.
Alberto Mussa aproveita-se de um fato - o "primeiro homicídio" da cidade do Rio de Janeiro, ocorrido em 1567 (dois anos, portanto, após a fundação). O serralheiro Francisco da Costa é encontrado morto, com sete flechas nas costas. A vítima era casada com a mameluca Jerônima Rodrigues.
A partir daí, Mussa mergulha na história da cidade - então com 400 habitantes, quase todos homens, em meio a milhares de índios (sem falar dos franceses). Três ruas. Uma selva fechada. A rigor, uma cidade, digamos, bastante improvável de engrenar.Uma cidade com apenas três ruas; que em 1567 vivia a iminência da guerra.
Francisco da Costa foi assassinado em frente à Casa de Pedra; a Casa de Pedra escondia o mapa de Lourenço Cão; o mapa de Lourenço Cão assinalava uma grande lagoa; a grande lagoa era habitada por mulheres sem marido; mulheres sem marido aprisionaram Jerônima Rodrigues; Jerônima Rodrigues era casada com Francisco da Costa.
A história colonial sempre me interessou, e são poucos os trabalhos de ficção a ela dedicados. Mussa preenche essa lacuna. Ao mesmo tempo em que escreve um romance policial, ao tratar dos principais personagens (nove suspeitos, de acordo com os registros do procedimento judicial) acaba por desvendar muito do que se passava na cabeça dos habitantes da época. Sim, pelas cabeças: há a revelação de mitos indígenas (o melhor do livro, diga-se) que invariavelmente invadiram a cabeça dos portugueses que por aqui se instalaram. E entendemos o real sentido do canibalismo praticado pelos nativos:
Os cristãos nunca entenderam essa verdade simples: que - para um tupi - matar e comer um inimigo era, antes de tudo, um ato de suprema piedade.
Mussa faz uma grande sacada ao associar os suspeitos aos círculos de inferno de Dante - estão no Inferno todos os criminosos, passados e futuros; estão estabelecidos e catalogados todos os crimes possíveis. E parte para associar o caso do serralheiro a diversas obras clássicas do romance policial - de Poe a Agatha Christie.
A cidade está para completar 450 anos, motivo para explorar o que temos de literatura disponível sobre o tema.
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