O terceiro livro é o último concluído, já que o quarto tem cerca de oitenta páginas (os outros três, aproximadamente 200 cada). Logo no início, um trem carregado de entusiasmados soldados passa pela companhia de Svejk (a 91ª, a mesma na qual serviu o autor); um deles perde o equilíbrio, despenca do vagão e acaba empalado numa alavanca junto aos trilhos...
Como diz Hasek, pessoas estúpidas precisam existir. Se todos fossem inteligentes haveria um excesso de bom senso no mundo, que acabaria enlouquecendo.
A esta altura, já está evidente: do seu jeito, sendo ridicularizado e desprezado, Svejk demonstra toda sua rejeição ao império e ao imperador. Fica claro que não é o idiota que todos vêem. Do seu jeito, obedecendo automática e inquestionavelmente todas as ordens que recebe, Svejk inviabiliza o funcionamento do Exército.
E mais uma série de episódios e situações desfilam pelas páginas - um cadete, Biegler, que literalmente se borra nas calças. Todos pensam se tratar de desinteria - ele apenas bebera e comera demais - até que, indo ao hospital de campanha por ordens do médico, acaba realmente acometido pelo cólera.
Svejk, como outros poucos personagens da literatura, adquiriu vida própria. Tornou-se o antiherói folclórico; conhecido em toda Europa central e oriental. É interessante comparar Hasek a Kafka - contemporâneos (nasceram em 1883 e morreram com diferença de um ano) e conterrâneos; um escrevendo em tcheco, o outro em alemão; um francamente irônico e debochado, o outro com personagens mais angustiados e soturnos.
Hasek ataca a idiotice, e se preocupa em esculhambar qualquer tentativa de uma narrativa oficial da guerra - as latrinas unem os seres humanos, diz Svejk: de Francisco José ao mais reles soldado, todos acabam enchendo-as. Uma visão cínica sobre "honra" e "campo de guerra" que não poderia dar em outra coisa - nazistas e comunistas mal podiam suportá-lo. A toada do quarto livro não difere do que se viu até agora mas, decididamente, o primeiro é melhor de todos.
Uma epopéia, como disse Carpeaux. Agora, é esperar pela edição brasileira, pela Alfaguara, que deve sair ainda este ano, dos cem anos do início da Grande Guerra.
A esta altura, já está evidente: do seu jeito, sendo ridicularizado e desprezado, Svejk demonstra toda sua rejeição ao império e ao imperador. Fica claro que não é o idiota que todos vêem. Do seu jeito, obedecendo automática e inquestionavelmente todas as ordens que recebe, Svejk inviabiliza o funcionamento do Exército.
E mais uma série de episódios e situações desfilam pelas páginas - um cadete, Biegler, que literalmente se borra nas calças. Todos pensam se tratar de desinteria - ele apenas bebera e comera demais - até que, indo ao hospital de campanha por ordens do médico, acaba realmente acometido pelo cólera.
Svejk, como outros poucos personagens da literatura, adquiriu vida própria. Tornou-se o antiherói folclórico; conhecido em toda Europa central e oriental. É interessante comparar Hasek a Kafka - contemporâneos (nasceram em 1883 e morreram com diferença de um ano) e conterrâneos; um escrevendo em tcheco, o outro em alemão; um francamente irônico e debochado, o outro com personagens mais angustiados e soturnos.
Hasek ataca a idiotice, e se preocupa em esculhambar qualquer tentativa de uma narrativa oficial da guerra - as latrinas unem os seres humanos, diz Svejk: de Francisco José ao mais reles soldado, todos acabam enchendo-as. Uma visão cínica sobre "honra" e "campo de guerra" que não poderia dar em outra coisa - nazistas e comunistas mal podiam suportá-lo. A toada do quarto livro não difere do que se viu até agora mas, decididamente, o primeiro é melhor de todos.
Uma epopéia, como disse Carpeaux. Agora, é esperar pela edição brasileira, pela Alfaguara, que deve sair ainda este ano, dos cem anos do início da Grande Guerra.
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