A semana registrou a morte de Maximillian Schell (1930-2014), o advogado Hans Rolfe da primeira - e disparada, a melhor - versão de O Julgamento de Nuremberg, de 1961, com Spencer Tracey e Burt Lancaster. Ele era o advogado dos magistrados acusados de crimes durante o nazismo.
O conto A Menina com a Lagartixa, de Bernard Schlink (1944), integra a antologia Escombros e Caprichos: o melhor do conto alemão do Século XX. O autor alemão é jurista e professor universitário (Filosofia do Direito), ingressando na literatura bem mais tarde. Neste conto, a velha questão da responsabilidade pelos crimes nazistas. Tal como no seu livro mais famoso, que não li - mas vi no cinema: O leitor - o fantasma está presente.
No caso, o pai do protagonista tinha sido magistrado no passado mas, agora, trabalhava numa firma de seguros. Fica evidente - caiu em desgraça com a queda de Hitler. Um quadro que a família mantém intriga o jovem - principalmente porque seus pais não o autorizam a utilizá-lo num trabalho escolar. É o tesouro da família. A única coisa que restou de um passado glorioso - a queda financeira e social do trio é evidente, a começar pela descrição da nova residência.
Mais tarde, já na universidade, e após morte do pai, acaba descobrindo o que aconteceu - e a participação de seu pai nisso, anda que haja algumas dúvidas a respeito do grau de responsabilidade. A mãe não ajuda muito - seria ela cúmplice ou vítima? O pai roubou ou recebeu o quadro? Interessante reler este texto que é mais uma novela que propriamente um conto, agora que se aproxima o lançamento de Os caçadores de obras-primas, de George Clooney no Festival de Berlim.
Um professor de Filosofia do Direito que se tornou popular com a literatura. Uma entrevista pode ser lida, em português, aqui.
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