Da sensacional Nova Antologia do Conto Russo, organizada por Bruno Barretto Gomide e editada pela 34, o conto Viagem a Arzrum, de Aleksandr Púchkin (1799-1837), vem a calhar nesta semana de abertura dos jogos olímpicos de inverno em Sochi.
Parei em uma estalagem e no dia seguinte me dirigi aos célebres banhos de Tiflis. A cidade me pareceu populosa. As construções asiáticas e o bazar me fizeram lembrar de Kichiniov. Pelas ruas estreitas e tortuosas corriam burros carregados de cestas; carroças atreladas a bois obstruíam o caminho. Armênios, georgianos, circassianos e persas se aglomeravam na praça assimétrica; entre eles, jovens funcionários russos passavam em cavalos em Karabakh.
Uma descrição das pessoas e da paisagem da região que era então submetida ao império russo - sim, os problemas no Cáucaso não são recentes, remontando pelo menos à guerra contra os turcos de 1828-1829. O autor, que não foi incorporado ao exército, resolveu assim mesmo conhecer a região, e o conto em questão é uma mistura de diário de viagens (que é bem diferente de turismo) e ficção. Uma viagem não só geográfica como também no tempo: os confins do império, uma visita ao monte Ararat, a um harém...
Os russos sempre tiveram fixação pelo Cáucaso. São acusados de genocídio contra os circassianos. Em 2008 lutaram contra a Geórgia, cujo território hoje é parcialmente controlado por "repúblicas" autónomas somente reconhecidas por Moscou. A escolha de Sochi, cidade localizada na região, foi polêmica e atiçou toda a região.
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