Inesperadamente, este filme ficou em cartaz por várias semanas, o que me permitiu assisti-lo. O filme se concentra na relação entre o velho Pierre-Auguste Renoir (Michel Bouquet), sua modelo Andrée Heuschling (Christa Theret) e o filho Jean - sim, o cineasta.
Em 1915, Jean volta para a casa do pai, em Cagnes, no sul da França. O pai já está bem debilitado. Jean está se recuperando de um ferimento (ele serve no front - afinal, estamos na Primeira Guerra) e está descobrindo esta nova arte que é o cinema. Andrée, com quem acaba se envolvendo, é grande entusiasta deste novo rumo - na verdade, eles vieram a se casar; ela foi estrela dos primeiros filmes do grande cineasta, sob o nome de Catherine Hessling, até se separar do diretor.
Na primeira cena, ela está chegando à casa do mestre. Tinha apenas 15 anos e disse ter sido indicada pela falecida sra. Renoir; o pintor já está com seus 74 e sofre de artrose. O monte de mulheres que trabalha para Auguste não vai muito com a cara dela - muito jovem, muito bonita e sem um "trabalho". Em pouco tempo chega Jean.
Pai e filho não são inimigos, mas também não são lá muito próximos. O pintor dedica todos os seus minutos à arte, nela vivendo como que em um mundo à parte (viver pintando em Provence... não dá para exigir nada diferente) - ele praticamente abandona o filho mais novo, que no início do filme mais parece um agregado de uma história do Machado de Assis. O relacionamento entre os três - não, o pintor não dá em cima de Dedée - é o grande tema do filme.
É a passagem do bastão da arte de Auguste para Jean. É a continuidade dos Renoir como grande e indispensável referência nas artes visuais.
No final, é dito que ambos (Jean e Dedée) morreram em 1979 - ele, consagrado mundialmente; ela, esquecida...
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