Goce Smilevski (1975) aparece na BEF 2010 com "Quatorze Pequenos Gustavos". Na verdade, é um trecho de seu romance A Irmã de Freud, que deve aparecer no Brasil em breve, pela Bertrand Brasil. Antes disso, falaremos do livro aqui (via Kindle).
O conto da semana, portanto, não é exatamente um conto, mas pode ser lido como um. Smilevski explora um lado pitoresco e pouco conhecido de Gustav Klimt (1862-1918): o infeliz pintor teve quatorze filhos, com quatorze mulheres diferentes. Smilevski imaginou-os ainda como quatorze Gustavos. Klimt, quando morreu, deixou quatorze pequenos Gustavos
Para Klimt, a cama era um campo de batalha - um lugar onde prazer e raiva tornam-se indistintos:
It was the models who posed for him, the women he met at the receptions held at his patrons' housesm the prematurely aged women who looked ten years older than they actually were and who cleaned his studio, it was these women who gave birth to his children, and all these children were male and they were all called Gustav and they all had different last names: their mother's.
A única mulher que realmente amou, Emilie Flöge, nunca lhe deu um filho. Adolfina, a irmã de Freud, travou contato com a irmã de Klimt, Klara, num hospital psiquiátrico em Viena. Klimt nunca perguntou pelos filhos, que para ele foram apenas os resultados de atos há muito praticados. Era Klara quem andava por Viena, ajudando as mães dos Gustavos - todos os meses, passava em cada uma das casas, com o dinheiro que recebeu do irmão; era ela quem levava ao médico, quando necessário.
Quando o pintor morreu, Klara ficou inerte, muda, deitada sobre a cama sem dizer uma palavra. Quando o Gustavo mais velho soube do seu destino, todos eles foram visitá-la, e foi neste estado em que a encontraram. Smilevski constroi uma narrativa a partir de fatos reais, sem descuidar da ficção, e o trecho que saiu na antologia gera expectativas em relação ao romance.
Comentários
Postar um comentário