O sr. viveu muito próximo da ameaça do fanatismo religioso quando foi decretada a fatwa contra seu amigo Salman Rushdie (foi condenado à morte pelo aiatolá iraniano Ruhollah Khomeini), a quem o sr. escondeu durante um tempo em uma casa de Cotswolds. Foi o momento em que o Ocidente se deu conta de que o século XXI não estaria livre dessas ameaças?
R. Nos anos oitenta, para muitos de nós que moramos na Europa pós-cristã, a religião nunca entrava na conversa. Era algo que a gente fazia há 150 anos, antes de Darwin. Mas o que aconteceu com Salman, primeiro, e sobretudo o que veio depois com o 11 de setembro, nos colocou frente a frente com o poder da fé religiosa.
P. O que o sr. pensa quando lê sobre as meninas londrinas que fogem de casa para se unir à jihad?
R. É um mistério total. Uma das noções mais destrutivas da história do pensamento humano é a utopia. A ideia de que é possível formar uma sociedade perfeita, seja nesta vida ou em outra posterior, é muito destrutiva. Porque a consequência é que não importa se você matou um milhão de pessoas no caminho: o objetivo é a perfeição e isso desculpa qualquer crime. É uma fantasia que teve seus equivalentes seculares, no comunismo soviético, por exemplo, e também com os nazistas. A ideia da redenção, uma ideia milenar, sempre exige inimigos.
O restante da entrevista, em português, no El País.
Utopia e fanatismo religioso podem caminhar juntos em algumas ocasiões, gerando no final das contas uma distopia!
ResponderExcluirSim, caro Alexandre! A utopia de hoje é a distopia de amanhã. Pol Pot que o diga...
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