Conto inacabado e inédito de Antonio Tabucchi, publicado no caderno Ipsilon, do jornal Público, de Lisboa.
E finalmente Setembro chegou. Naquela época as aulas acabavam em Julho, o tórrido mês de Agosto era para a villegiatura, o Algarve não existia, quer dizer, existia geograficamente, mas ninguém lá ia, e aliás quem é que podia lá ir?, para lá chegar tinha de se passar o Tejo com o carro no barco, depois percorrer o Alentejo até encontrar uns caminhos perdidos que atravessavam a serra de Monchique, e então é que se chegava às praias do Algarve, lindas, onde não havia nada nem ninguém, uma ou outra aldeia de pescadores, umas cabanas de folhagem, desgarradas naqueles areais, os camponeses vendiam melões, figos e melancias, havia uns hippies vindos de Inglaterra, uns rapagões feios que dormiam em tendas e que giravam para fugir à Guarda Nacional Republicana, procuravam o paradise now e achavam que o tinham encontrado ali, por entre aquelas dunas agrestes. Não me lembro bem se estávamos em 1970 ou 71, mas tanto faz, eram esses anos, quando todos pensavam que o salazarismo não acabaria nunca, que iria durar para sempre.
A íntegra pode ser lida aqui.
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