O pintor Schinner
(Georges Cain)
Este A Bolsa não é das mais interessantes d'A Comédia Humana. Hipólito Schinner é um famoso pintor que sofre um acidente em seu ateliê. Ao recobrar os sentidos, descobre que foi socorrido por Adelaide de Leseigneur e sua mãe, a baronesa de Rouville. Em retribuição, faz-lhes uma visita - a longa descrição do apartamento das duas é típica de Balzac:
Aquela peça servia de museu para certas coisas que não se encontram senão nessas espécies de lares anfíbios, objetos sem nome, que participam ao mesmo tempo do luxo e da miséria.
Hipólito descobre que as duas sofrem com a morte do pai/marido, o sr. de Rouville, comandante de um navio que morreu em combate com os ingleses. O crescente interesse do pintor por Adelaide sofre alguns contratempos; o principal deles é a grande desconfiança que todos têm em relação ao que fazem para se sustentar as duas mulheres:
- Alto lá! É uma rapariguinha que vou ver todos os dias na igreja de l'Assomption e a quem faço a corte. Mas, meu caro, todos nós a conhecemos. A mãe dela é uma baronesa. Tu acreditas em baronesas que moram num quarto andar? Brrr! Ah! Meu caro, és um homem da idade de ouro! Todos os dias, nesta alameda, nós vemos a velha mãe, mas a aparência, o porte dela, diz tudo. Como! Não adivinhaste o que ela é pelo modo como segura a bolsa?
Sim, claro, é exatamente isso que pensam que elas fazem. Mas Hipólito não se convence - pior, na verdade, se convence, mas acredita poder "salvá-la". O final deste conto, traduzido também por Vidal de Oliveira, é, contudo, artificialmente bom demais, ao menos para o leitor do século XXI.
Sim, isso não pode ser imputado como uma falha de um autor do século XIX, mas de fato o conto não é o melhor texto para ingressar no mundo de Balzac. Vejamos o que nos aguarda em Modesta Mignon.
Balzac é o Will Durant ficcional. Ninguem escreve a historia social da França melhor que ele. E.
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