O argentino Eduardo Berti (1964) diz que a diferença entre o conto e o romance está mais no foco do que propriamente a extensão do relato. "Há pouco li uma definição de Edith Wharton que gostei. Dizia que a situação é a preocupação principal do conto, enquanto na novela ela é o personagem". Aqui, uma interessante matéria sobre o autor. Nela, Berti afirma que uma característica da literatura latino-americana é a impossibilidade de classificação - romance, crônica, conto ou ensaio? - para desespero das editoras.
Berti já publicou romances e alguns volumes de contos. No Brasil, abre a Antologia Pan-Americana, publicada pela editora Record e organizada por Stéphane Chao com A Cópia.
Tinha comprado um óleo em um leilão. Era a cópia de uma pintura feita por um artista chamado H. Linden. O próprio Linden estava no leilão, sentado em silêncio a um lado do estrado do leiloeiro. Era um homem comprido, um pouco encurvado, com um lenço vermelho ao redor do pescoço saindo de uma camisa branca, desbotada. A cada reprodução que leiloavam, Linden fazia um gesto, e dois assistentes iam em busca da obra original, para que os interessados comprovassem a mestria dos copistas. Como se isso não bastasse, Linden aprovava indo com o olhar do original à cópia, e voltando ao original.
A história prossegue com a feliz compradora do quadro de Linden voltando para casa, pegando ônibus, chuva, frio... para um rápido desfecho - já em casa, depois de todos os percalços pelos quais passou o quadro, descobre uma mensagem na secretária eletrônica, de H. Linden em pessoa...
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