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O boxeador polaco, de Eduardo Halfon


Judeu nascido na Guatemala, formado em engenharia nos EUA e vivendo no Nebraska, Eduardo Halfon foi finalmente publicado no Brasil em 2014, pela coleção Otra Língua, da Rocco. Já o conhecia do site Words Without Borders. Nas palavras do próprio, não se identifica em luga algum, Nicarágua, EUA ou Espanha - sou um desubicado, afirma.


Este livro de cento e poucas páginas mostra um autor mais identificado com a literatura europeia. Um livro de contos que pode ser encarado, também, como uma narrativa única. No centro de tudo, o conto que dá o título do livro, a história do avô, sobrevivente de Auschwitz, com seu número tatuado. 69752. Segundo o avô, seu número de telefone, que estava escrito no braço para que dele não se esquecesse. É o melhor conto do livro.

Fumaça branca, por sua vez, deu origem a outro livro, Monasterio, que deverei ler em breve, e que conta a história de um judeu, Eduardo que acaba de chegar a Israel para o casamento de sua irmã com um ortodoxo.

Para muitos, um escritor para escritores, categoria em que se encaixa também Vila-Matas. Nenhum dos dois merece essa redução, claro, mas os dois primeiros contos deste volume explicam a associação. Distante mostra a distância entre literatura e vida real; Twaineando, por sua vez, trata de um professor, Eduardo Halfon, vai aos EUA para uma conferência sobre Mark Twain. Torna-se uma figura exótica - afinal, o que um guatemalteco teria a dizer a americanos sobre o grande escritor?

Halfon é crítico à ideia de que um escritor da América Latina tem que se encaixar no realismo fantástico, como um Garcia Márquez. Também critica a ideia de uma literatura latinoamericana (não se fala em "literatura europeia", mas em literatura inglesa, francesa... - por que colocar toda a América Latina em um único saco? 


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