Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro (até agora, o único indicado para esta categoria que assisti).
A história, a esta altura, já é conhecida: Em Auschwitz, Saul Ausländer (Géza Rohrig) é um prisioneiro, parte do Sonderkommando, responsável por encaminhar os judeus às câmaras de gás e depois retirar os corpos ("pedaços", segundo os alemães) e limpar o local. Após uma das matanças, encontra uma criança agonizando (diz o médico que às vezes alguém consegue escapar com vida do Zyklon-B). O médico logo acaba com o sofrimento, matando a criança. Saul diz ser seu filho (seu companheiro do Sonderkommando duvida e diz que ele não tem filho) e passa a procurar um rabino que possa encomendar um enterro.
Naquele inferno, Saul ainda acredita em Deus. Seria isso possível?
A câmera está sempre muito próxima (colada, melhor dizendo) ao rosto de Saul; todo o seu entorno está ligeiramente desfocado. É assim que vemos os primeiros cadáveres. É um filme feio, sujo, angustiante e claustrofóbico. É um filme imperdível.
No final, com a proximidade dos soviéticos, os alemães executam os judeus à beira das covas, ao mesmo tempo em que se desfazem dos restos daqueles mortos pelo gás. É nesse momento que Saul acha um rabino - ou, ao menos, alguém que se apresenta como um. A cena é de Dante. No Sonderkommando, há uma tentativa de fuga, junto com alguns outros prisioneiros. Saul, mesmo assim, não se desfaz do corpo da criança.
A história remete a outro húngaro, agora das letras: o Nobel de Literatura de 2002, Imre Kertesz e seu Kaddish - Por uma criança não nascida. E me lembra, como sempre, Primo Levi, o grande escritor a tratar do tema.
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Em tempo: acabo de ver reportagem na televisão sobre os restos de Mengele. Ao que parece, irão para a USP. Formará médicos, dizem. Acho uma lástima. Por mim jogaria num alto-forno para que derretesse.
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